Leonor Freitas: “Gostava que tivéssemos um país moderno”

Leonor Freitas, CEO da Casa Ermelinda Freitas, deixa a sua visão para o país daqui a 20 anos.

Qual é a sua visão para o país nos próximos 20 anos?

LF – Gostava muito que tivéssemos um país moderno. Acho que temos todas as condições para estarmos bem economicamente. Para termos jovens cheios de vontade de aprender, que tendo demonstrado lá fora que são capazes, pois que esses talentos consigam ficar cá, para desenvolver este país, para termos um país atualizado, um país em que todos temos lugar. Todas as gerações. Eu também quero cá estar ainda. Vamos ver.

Portanto, respeitarmos as várias gerações, mas muito mais um país rejuvenescido. Um país com ideias. Um país moderno. Ainda por cima com este maravilhoso clima que temos, esta paisagem, uma gastronomia espetacular, vinhos também, claro, acho que temos todas as condições para ser um grande país.

Os portugueses têm de acreditar que isto é possível. E nós, as gerações mais velhas, temos de passar a mensagem aos mais novos. Não é tudo uma desgraça. É verdade que não é tudo um mar-de-rosas. Na minha vida, tento arredondar os espinhos da rosa. Sei que ela nem sempre está a florir, tenho de ter essa humildade.

Mas há que passar otimismo. Quando os jovens vêm cá fazer visitas e os recebo, dou-lhes sempre um exemplo. Quando me deixaram de comprar vinho a granel, achei que era a desgraça, na altura. Porque eu vivia de vinho a granel. E esse problema, essa dificuldade, tornou-se uma oportunidade. Foi aí que dei o grande salto.

Disse “não, não posso ficar aqui de braços trocados, com a desgraça que me aconteceu. Agora tenho de arranjar uma solução”. E encontrei uma solução. Foi aí que comecei a fazer as marcas. Foi aí que comecei a ir para o mercado. Foi aí que trabalhei mais. Na grande crise em 2008 que passámos, eu estava a fazer as obras, estava a crescer imenso nessa altura. E, de facto, eu cresci.

Tenho crescido sempre em fases de crise. Sempre. Eu costumo dizer que ando um bocadinho contra a maré. Acho que tem sido porque não tenho cruzado os braços com a desgraça. Não tenho ficado à espera que a desgraça passe. Tem sido fazer o que tinha programado, vamos embora trabalhar, vamos embora porque quando a fase passa, nós já estamos preparados para a poder receber. Traçar os braços e ficarmos à espera e a lamentarmo-nos, isso é que não resulta. É a minha opinião.