“Preço da estadia em hotéis deverá continuar a subir”, afirma presidente da AHP

Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, revela as tendências para o setor do turismo. BTL decorre na FIL do dia 28 de fevereiro a 3 de março.

A 34ª edição da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa começou de forma conturbada, esta quarta-feira, com Luís Montenegro a ser atingido por tinta verde, num protesto de ativistas climáticos. Estes ataques têm vindo a revelar-se uma tendência, mas no que diz respeito ao setor do turismo há outras tendências em destaque.

Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), admite a continuação da subida do preço-médio das estadias em hotéis, “alinhada com uma expectativa bem fundamentada de um cliente exigente. E ainda bem, pois a despesa corrente e os encargos financeiros subiram muito.”

As tendências no setor passam ainda pela “consolidação de novos mercados. Os EUA, Canadá ajudaram muito a qualificar Portugal”, afirma. “Prevê-se que haja mais mercados a querer visitar Portugal e as regiões e um cliente autónomo na decisão, mais informado e exigente.”

Sobre a falta de decisão quanto à localização do novo aeroporto, o dirigente associativo critica a demora e a perda de 1,3 milhões de passageiros só em 2023. “Podemos dar-nos a esse luxo? Não me parece, dissemos isso mesmo aos maiores partidos políticos. Precisamos de uma decisão urgente e informada, garantindo futuro a esta atividade e ao país.”

Sobre a escassez de recursos humanos no setor, Bernardo Trindade revela-se mais otimista. “Está a resolver-se, com nacionais e estrangeiros. São já 116.000 os estrangeiros a trabalhar no turismo. Temos agora de melhorar qualificações e integrar plenamente todos aqueles que optaram por fazer carreira em Portugal.”

No que toca à sustentabilidade, considera que esta pode ser uma tendência futura e que Portugal tem “uma excelente oportunidade para se afirmar como um destino sustentável”, promovendo medidas de racionalização da água em zonas de seca, como é o caso do Algarve.

A questão ambiental e de alterações climáticas deverá passar a assumir um papel relevante na escolha de destinos turísticos. De acordo com as tendências identificas pelo Barómetro do Turismo IPDT, a escolha de destinos passará a ter mais em conta os locais menos afetados por alterações climáticas e fenómenos extremos, em linha com a AHP.

“Do lado dos destinos, a criação de planos de ação para resposta a situações adversas (dando-os a conhecer ao trade e aos próprios turistas) pode ser uma prática útil e necessária, para transmitir confiança e motivar a visita. É, ainda, uma oportunidade para potenciar outros períodos do ano, onde, por exemplo as condições climatéricas são mais estáveis”, aconselha o IPDT.

À semelhança do que já acontece noutras áreas, a Inteligência Artificial deverá assumir um papel cada vez mais preponderante no setor do turismo. “No futuro próximo, também os turistas vão estar mais capacitados para utilizar ferramentas como o Chat GPT em seu benefício, para, por exemplo, planear a sua viagem”, prevê esta entidade liderada por António Jorge Costa.

No âmbito da mobilidade, prevê-se “um aumento global da procura por viagens de comboio no próximo ano”. Recorde-se que, em 2023, França publicou um decreto que proibiu a realização de voos entre cidades francesas, sempre que essa ligação possa ser feita numa viagem de comboio com uma duração inferior a duas horas e meia.

Em 2024, realizam-se os Jogos Olímpicos/Paralímpicos, em França, e do Euro 2024, na Alemanha. De acordo com o IPDT, “será expectável que se verifique um elevado crescimento do número de viagens para participar ou assistir a eventos desportivos de múltiplas natureza”. 2024 será um ano forte no turismo.