De Oeiras a Lisboa. Novo projeto quer acabar com “caos” da A5

Plano de mobilidade da CM Oeiras terá um custo superior a 500M€. Joana Batista, vereadora da mobilidade, critica a falta de resposta do Governo para problema que se arrasta há 30 anos.

Quem acede e circula na A5 consegue perceber que a hora de ponta é, de facto, um caos”, começa por referir Joana Batista, vereadora da mobilidade de Oeiras. Para responder ao problema, o município propõe a criação de duas vias estruturantes, já previstas no plano municipal de 1994: uma variante Norte da A5 que vai de extremo a extremo do concelho, entre Carnaxide e Talaíde, e outra variante Sul à autoestrada, que vai desde a Laje ao nó do Estádio Nacional.

“O investimento municipal na variante Sul ultrapassará os 30 milhões de euros; já no caso da variante Norte ultrapassará os 80 milhões de euros”, avança a vereadora. “Lisboa é a metrópole, é a capital e, portanto, todos os concelhos vizinhos devem estabelecer estas alianças estratégicas com Lisboa, como é o caso de Oeiras”.

Todos os dias são realizadas 245 100 viagens com origem no concelho, sendo que 57,3% são no município, 26,9% têm como destino Lisboa, 15,4% são para outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa e apenas 0,4% são para fora da AML, de acordo com o Inquérito à Mobilidade do Concelho de Oeiras. No sentido contrário, o mesmo inquérito regista 51 547 viagens externas com destino ao concelho de Oeiras, sendo que 15 127 destas têm origem em Lisboa e 28 835 noutros municípios da Área Metropolitana de Lisboa.

“Os ministros deste Governo devem circular na A5 e sabem o caos que é em hora de ponta. Pergunto: é preciso alguma carta ultrassónica que lhes diga que é necessário fazer obras estruturantes na A5? Será que esta negociação que tem de haver entre o Governo e a Brisa (concessionária) não deve anteceder 2035?”, questiona Joana Batista, acrescentando que o problema do enorme fluxo de trânsito na principal via que liga Lisboa a Cascais, já não é de hoje.


“Fazer um projeto em Portugal é uma coisa titânica: absolutamente difícil, complexa e muito morosa”

JOANA BATISTA

Vereadora CM Oeiras

“O Governo não tem dado grande resposta nos últimos 30 anos. A A5 é a autoestrada com maior proveito económico do país e o Governo e a Brisa tratam-na ao nível dos cuidados paliativos, a fazer o estritamente necessário. É inadmissível”, critica.

O concelho de Oeiras tem cinco parques empresariais (Taguspark, Lagoas Park, Quinta da Fonte, Arquiparque, Parque Suécia), que, no total, geram um volume de negócios na casa dos 26 mil milhões de euros.

Criação de corredor BUS na A5

Ao nível dos transportes públicos, a autarquia vai apostar em três novos meios: um corredor BUS, com a sigla BRT [Bus Rapid Transit], que ligará a estação de Algés à Reboleira-Amadora e a Lisboa; o LIOS [Linha Intermodal Sustentável], linha de metro ligeiro de superfície e que liga Lisboa, Oeiras, Loures, através de um protocolo com a Carris e o Metropolitano Lisboa; e a reformulação do SATUO (Sistema Automático de Transporte Urbano), através da sua mudança para um modo de transporte elétrico com pneus, que faz a ligação entre a linha ferroviária de Paço de Arcos e Sintra, bem como aos vários pólos empresariais (Quinta da Fonte, Lagoas Park e Taguspark).

“Hoje temos uma repartição modal onde ainda predomina o transporte individual, na casa dos 45%. O que pretendemos fazer, através da Área Metropolitana de Lisboa, é alterar esta dinâmica. No fundo, as pessoas poderem deixar o carro em sua casa e terem a resposta através do transporte público”, afirma a vereadora.

Investimento supera os 500 milhões de euros


No total, Joana Batista avança que este projeto “ambicioso” deverá implicar um investimento superior a 500 milhões de euros, suportado pelo município e “ajudas complentares”, possivelmente através de fundos comunitários.

“Neste momento está em execução o PRR. O nosso país só vai ter uma boa execução do PRR se tiver feito o trabalho de casa, que não fez. E se as decisões não forem decisões consistentes, nós vamos deixar passar o TGV, que é o que chamo ao PRR, o TGV vai passar e nós vamos dizer-lhe adeus. Os fundos vão ser desperdiçados, o que é uma pena”, lamenta.

Além do financiamento, a vereadora critica ainda a dificuldade que é avançar com um projeto em Portugal: “É uma coisa titânica porque é absolutamente difícil, complexa e muito morosa. Estas ações que estão previstas nestes planos são ações a oito, doze anos, que ultrapassam claramente os dois ou três mandatos”.