Paulo Pereira da Silva: “Gostaria que Portugal fosse um Estado-Nação forte”

Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova, deixa a sua visão para o país em 2043.

Como imagina o país em 2043? Ou como gostaria, enquanto cidadão, que o país estivesse nos próximos 20 anos?
PPS — Vou ser um bocadinho utópico. Para falar do país nos próximos 20 anos, tinha de ver um bocadinho o que é que seria o mundo dentro de 20 anos. Como é que eu gostaria de ver o mundo dentro de 20 anos?
Gosto muito da Europa, sou profundamente europeu. Gosto muito desta parte do mundo, com as democracias, apesar dos problemas todos que temos, com alguma boa vontade entre as pessoas, se eu posso dizer assim, com uma maior familiaridade entre as pessoas. Eu gosto muito do espaço europeu. Gostaria que esse espaço, dentro de 20 anos, não desaparecesse ou que ficasse igual aos outros.
Para Portugal, aquilo que gostaria é que fosse, de facto, Europa e uma nação, um Estado-nação, dentro de uma Europa e de uma Europa com muita força. Com liderança no mundo e com capacidade para influenciar o mundo porque parece-me que as ideias são as ideias certas, não são exageradas, nem para um lado nem para o outro. Se calhar, começam a ser pouco sexys, do ponto de vista do mundo.
Como é que eu gostaria? Gostaria de ver uma Europa forte, provavelmente federal, e nós sermos um Estado, uma nação, dentro dessa Federação Europeia.
Nós não temos riquezas naturais, não temos petróleo, não temos minerais, não temos nada. O que é que nós temos? Temos, essencialmente, as pessoas, o clima, que é muito interessante, e temos uma cultura de séculos de sabermos estar uns com os outros e de ter ido para fora e voltado a mundos diferentes.
Temos uma capacidade de adaptação muito grande, que é muito interessante neste tempo. Acho engraçado: nos países onde vou, em trabalho, encontro uma diferença brutal porque neste momento Portugal está na moda.
Se calhar, há 20 ou 30 anos não estava. Quando comecei a internacionalizar a marca Renova, uma coisa portuguesa, não existia. Neste momento não é assim.
Portugal existe. Continuar a desenvolver isso, sem que se perca o trabalho que tem sido feito, é muito importante. Para isso, são precisas muitas reformas, imensas reformas, e é preciso coragem para as fazer…
É preciso coragem para falar a verdade porque, muitas vezes (e se nós entramos aqui na política, que eu não gosto tanto de entrar), vimos prometer tudo e mais alguma coisa que sabemos de antemão que não é possível dentro de uma empresa. Há que gerir as coisas com verdade, com humildade, e depois fazer, executar, aquilo que se pensou fazer ou a estratégia que foi definida.
Nós não somos muito bons a executar. Temos as ideias, temos as pessoas, mas depois falhamos um bocadinho na execução, ou mesmo muito, na execução das coisas.