Nariz de Enólogo. As sugestões de vinhos a não perder de Susana Esteban

Veio da Galiza, mas foi no Alentejo que ousou apostar na sua própria produção de vinho. Susana Esteban, a primeira mulher a receber o prémio “Enólogo do Ano”, deixa 10 sugestões de vinhos que tem (mesmo) de provar

Veio da Galiza e tem dado cartas em Portugal num setor ainda predominantemente masculino. Susana Esteban dispensa apresentações. Falam por si as distinções como ter sido a primeira mulher enóloga a receber o prémio “Enólogo do Ano” em 2011 e as dezenas de vinhos que lançou com a sua marca própria.

É a partir do Alentejo que Susana Esteban produz cerca de 35 mil garrafas de um vinho que garante que não se encontra em mais lado nenhum.

Em que é que se distingue o seu negócio de produção de vinhos?
Susana Esteban – Sou produtora de vinhos na zona da Serra de São Mamede, em Portalegre, e elaboro vinhos a partir de vinhas centenárias. Muitas delas estavam a ser abandonadas. Em cada uma dessas vinhas é possível encontrar 20 variedades diferentes, todas autóctones. Como estão numa zona de altitude, dão vinhos muito especiais e muito frescos.

A maior parte da produção é para exportação ou consumo nacional?
SE – Cerca de 60% para consumo nacional e 40% para exportação.

Há algum projeto ou vinho novo em que esteja a trabalhar?
SE –Todos os anos lanço um vinho diferente, o Sidecar, em que convido uma pessoa diferente para vir à minha adega e elaborar vinho. Estou agora a preparar o lançamento com um produtor francês de champanhe, que é o Emmanuel Lassaigne. Deverá sair daqui a um mês.

O que distingue um vinho de qualidade de um mau vinho?
SE – Para mim, um vinho de qualidade tem de transmitir a identidade de uma zona. Um vinho que tanto pode ser da Austrália, da Alemanha ou de Portugal, para mim, não é sinal de qualidade.

Outra característica fundamental é ter longevidade na garrafa. Um vinho que pode ser consumido a seguir a ser engarrafado, mas também pode durar na garrafa por bastantes anos. Um vinho que consiga evoluir de uma forma positiva na garrafa.

Que mercados emergentes é que acredita que terão impacto no setor dos vinhos no futuro?
SE – O setor dos vinhos é muito complexo. Os Estados Unidos são um mercado grande e Portugal está a ficar na moda. Estamos a receber imensos americanos e considero que é um mercado que, bem trabalhado, pode ter mais potencial.

Quais são as principais tendências futuras no setor vinícola?
SE – Acho que as pessoas estão cada vez mais conhecedoras e procuram vinhos com mais qualidade e, sobretudo, com mais identidade. Há cada vez mais uma preferência por vinhos que mostrem de onde é que vêm. É por isso que nunca misturo vinhas, respeito imenso a origem. Isso faz com que o vinho seja completamente diferente, porque não é reproduzível noutros sítios.

Quais são os maiores desafios que o setor enfrenta?
SE – As alterações climáticas, sem dúvida. É algo a que temos de nos adaptar, sobretudo porque a frescura é uma parte fundamental para ter um vinho de qualidade.

O vinho português tem imensa qualidade, mas falta a parte da divulgação, falta uma marca Portugal. Quando eu digo que venho de Portugal, os estrangeiros só associam ao Cristiano Ronaldo. Era muito importante criar uma marca Portugal.

Que políticas governamentais seriam necessárias para apoiar o setor?
SE – Ouvir os diferentes produtores. Muitas vezes só são ouvidos aqueles produtores que produzem mais volume, mas isso é um segmento de mercado que não é o nosso.

Era importante ouvir todos os segmentos de produtores, não só aos grandes, mas também os pequenos, que também têm muito o que aportar. Temos de ter mais voz. A mim, até agora, ninguém me perguntou nada [risos]

Como gostaria que estivesse o setor nos próximos anos 20 anos?
SE – Acho que temos uma carga de burocracia insuportável. Uma grande empresa tem um departamento de marketing, um departamento de produção, etc. Nas pequenas empresas não há departamentos.

Muitas vezes passamos 90% do nosso tempo a preencher formulários que estão feitos para grandes volumes e são completamente ridículos. Acho que seria importantíssimo tentar aliviar essa parte.

AS MINHAS ESCOLHAS

Portugal

  • M.O.B
    Moreira, Olazabal e Borges
  • Trufa
    Quinta do Olival Velho
  • Pintas
    Wine&Soul
  • Quinta das Bágeiras
    Bairrada
  • Barbeito Madeira
    Madeira Wine

Internacional

  • Zarate
    Espanha
  • Dominio del Aguila
    Ribera del Duero
  • Jacques Lassaigne
    Champagne
  • Lynch Bages
    Bordeus
  • Botega Cota 45
    Jerez