Hotel Areias do Seixo aposta na sustentabilidade desde os quartos até à mesa

Há um hotel na região Oeste onde a sustentabilidade e o luxo andam de mãos dadas. “É o futuro”, defende Gonçalo Alves, fundador e proprietário do hotel Areias do Seixo. Uma tendência posta à prova.

Charmosos, hippies e ecológicos. É assim que Gonçalo Alves descreve os imóveis do projeto Areias do Seixo, do qual é proprietário e fundador, juntamente com Marta Fonseca. De olhos postos no futuro, este hotel na região Oeste, junto ao oceano e a Santa Cruz, combina a sustentabilidade e o luxo, seguindo uma tendência no setor hoteleiro e nas preferências e preocupações dos hóspedes, no momento da escolha de um alojamento para aproveitarem as tão esperadas férias.
Da terra ao prato, a horta biológica alimenta a cozinha do restaurante do hotel.

O que o levou a criar o projeto Areias do Seixo e o que distingue este hotel de outros?
Gonçalo Alves – O meu berço é na hotelaria. O meu pai e o meu avô tinham uma pastelaria que depois se tornou num negócio de catering e, mais tarde, também num negócio hoteleiro, na cidade de Torres Vedras.
Toda a minha infância e adolescência foi passada na convivência com pessoas cujo dia-a-dia era a hotelaria e a restauração.
Quando me perguntam se eu sou hoteleiro, eu respondo que sou um hospitaleiro. A minha vida foi sempre um bocadinho receber e acolher pessoas. Talvez essa humanização é que se traduz no grande fator de diferenciação deste projeto.
Quando criei o Areias do Seixo, em 2010, depois de sete anos de reflexão, pensamento e construção, este projeto nasce com o propósito de ser uma grande casa que acolhe pessoas de todo o mundo.

Gonçalo Alves e Marta Fonseca
Fundadores e proprietários do hotel Areias do Seixo

E a maior parte dos clientes são, de facto, estrangeiros?
GA – Sim, cerca de 75% dos nossos clientes são estrangeiros. Na época alta são praticamente todos estrangeiros. Depois, na época baixa, há uma compensação do mercado nacional, que aproveita também esses momentos para nos visitar.

Em poucas palavras, como descreveria o projeto?
GA – Somos um projeto muito sensível ao detalhe, mas muito orgânico. Beliscamos a temática do luxo de uma forma muito descomprometida. Misturamos os conceitos de Eco, Charm e Hippie Hotel. Somos charmosos, somos hippies e somos ecológicos. São palavras que, muitas vezes, os hóspedes usam para nos descreverem.

Como é que surgiu o nome Areias do Seixo?
Gonçalo Alves – Estamos situados numa zona que fica sobre a Praia do Seixo e que nasce naturalmente de pedras rolantes, os seixos, que, com o tempo, foram criando os sedimentos da areia que transformaram esta nossa frente costeira em dunas.

Qual é o valor médio por noite?
GA – Vai de 395€ a 650€. A componente das villas varia entre os 1450€ aos 1650€.

Qual é o volume de negócios?
GA – O volume de negócios das Areias do Seixo ronda os 6 milhões de euros.

Qual foi o maior desafio na criação e gestão do projeto?
GA – Um desafio atual e de todo o setor é a mão-de-obra. Vivemos numa economia que aparenta estar numa situação de pleno emprego, mas o setor tem uma grande necessidade de mão-de-obra qualificada e temos bastante dificuldade em encontra-la para o setor e para esta área.
No início, o grande desafio foi a construção deste projeto em plena crise imobiliária, com todos os impactos que, na altura, o setor financeiro veio trazer à economia e as restrições financeiras e de financiamento. Portugal não era conhecido nos quatro cantos do mundo. Essa não é a realidade ao dia de hoje. Portugal tornou-se um país de eleição para qualquer turista europeu e agora no mercado americano.
Os olhos estão postos em Portugal e com isto cresceram muitas unidades hoteleiras que vieram beber um bocadinho o espírito deste projeto e também promoveram projetos singulares e diferenciadores, mas que hoje em dia concorrem connosco e são também um crescimento da oferta no país.

Como olha para as críticas de excesso de turismo em Portugal?
GA – Não considero, de forma alguma, que exista excesso de turismo em Portugal. Aceito que algumas zonas de expansão e densidade urbana tenham que ser pensadas com algum cuidado, no sentido de preservar aquilo que são os valores naturais, sociais e culturais dessas localizações. Mas eu não diria que Portugal tenha uma densidade turística demasiado intensa. Parece-me mais um tema de ordenamento e cuidado de não intensificar o turismo em zonas sensíveis com valores naturais, culturais e sociais.

Como imagina o país e o setor daqui a 20 anos?
GA – Gostaria muito que a assimetria do litoral e interior estivesse claramente mais equilibrada e que fosse potenciado o desenvolvimento turístico do interior do país. Isso seria um grande desígnio para o setor. Manter as assimetrias culturais e gastronómicas que o nosso país tem e isto servir como entusiasmo para os turistas quererem conhecer um Portugal que é pequenino em território, mas gigante em cultura e gastronomia.
Estamos no bom caminho para termos um parque hoteleiro muito diverso e qualificado e provavelmente um dos melhores do mundo.
Tem de haver um esforço para termos um turismo mais modernizado e mais alinhado com estas tendências, como a temática da sustentabilidade e da ecologia.
Temos um país que tem também como bandeira turística esta vocação ecológica e este chamamento de compromisso para a criação de um turismo com ativismo ecológico.

Tendência de futuro – Sustentabilidade

GA – É evidente o crescimento, não só em Portugal como no mundo, de cada vez mais hóspedes com consciência ecológica e sustentável, a optarem por espaços que tenham esse compromisso.

É uma tendência que é muito visível do ponto de vista estatístico mundial.
Abri portas com essa ambição de trazer aquilo que era um lifestyle pessoal para o projeto, uma forma de estar que tinha uma consciência ambiental muito forte e onde foram logo introduzidas muitas medidas na construção do edifício e depois no seu dia-a-dia, na sua operação, e que se traduzem também num forte ponto diferenciador do projeto.

Começámos a trabalhar um terreno agrícola com uma ambição de regenerar o terreno que aqui existia e voltando a dar-lhe um caráter de floresta natural, de orla costeira atlântica.

A construção do edifício também foi vista numa ótica ecológica, não só em termos de utilização dos recursos, da forma como reutilizámos materiais utilizados na construção ou recursos naturais envolventes para fazer parte integrante da decoração e do edificado.

Passámos a ter aqui um papel de ecoturismo ativo. Estimulámos muito,desde o início, a economia circular e o conceito do quilómetro zero em relação a um envolvimento dos nossos parceiros e fornecedores.
Estimulámos a economia local e damos prioridade em termos de contratação às pessoas que estão na nossa envolvente e que fazem parte aqui da nossa comunidade.