Eleições europeias, com guerra à porta

Debate entre António Nogueira Leite e Paulo Sande para ver em Amanha.pt

Estamos a dois meses das eleições europeias (9 de junho) e é tempo de refletir, com maior seriedade e visão estratégica, sobre os desafios europeus e a relevância das decisões de Bruxelas na política nacional. Nas últimas eleições legislativas, da União Europeia (UE) apenas se falou de fundos e execução do PRR, quando a Europa é muito mais do que uma vaca que (ainda) dá leite aos portugueses.

A dimensão cultural, social e política do projeto europeu é um legado de gerações de sonhadores que tem de ser continuado com a mesma crença nos ideais de fraternidade, livre circulação ou segurança e defesa – porque a Europa é muito mais do que fundos de apoio ao desenvolvimento, mercado interno ou política comum no setor da energia. Os enormes desafios da presidente da Comissão (que deverá continuar o seu mandato), bem como dos seus pares na liderança de outras instituições como o Parlamento e o Conselho, perante a tensão crescente com a Rússia, são quase os mesmos do período pré-pandemia: reindustrializar no contexto de forte concorrência com a China e os Estados Unidos; apostar em energias renováveis, em vez de petróleo e gás, apesar das alterações provocadas pela guerra na Ucrânia, nos últimos anos; regular, inovar, digitalizar, crescer, num equilíbrio difícil de vontades e necessidades de Estados-membros de regiões e dimensões tão diferentes.

O debate “Sim ou Não” desta primeira semana de abril junta António Nogueira Leite (economista, professor e céptico quanto a algumas políticas comunitárias e relação Lisboa / Bruxelas) e Paulo Sande (jurista, professor e profundo conhecedor das instituições, em especial do Parlamento Europeu, para o qual trabalhou cerca de 30 anos). Dos argumentos trocados entre duas personalidades respeitadas nas suas áreas de conhecimento, destacaria a preocupação com o tema da Defesa e Segurança e com a demografia e imigração.

Este debate sobre Europa é uma sequência natural do “Sim ou Não” e dos temas principais da última semana: Defesa, indústria e liderança. Estas são munições úteis num contexto de novas travessias ou novas lideranças políticas no país. É tempo de desenhar novas políticas que visem reformas há muito adiadas e um crescimento sustentado da economia (nacional e europeia), o que só é possível com estratégia, capacidade de ação e de diálogo e – acrescentaria – renovado sentido de Estado das forças políticas, para que o país não perca mais tempo, nem fique nos últimos lugares da locomotiva europeia.

Em período de Páscoa e da proximidade da celebração de 50 anos de Liberdade, este é tempo de reinvenção, superação de adversidades e de Esperança num país bem melhor e numa Europa com paz e maior determinação a construir o seu futuro coletivo.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt