Portugal, país de emigração, necessita de mais imigrantes por três motivos principais: a economia carece de mão-de-obra em quase todos os setores; perante o preocupante declínio demográfico, quem vem trabalhar e viver em Portugal ajuda, com os seus filhos, a inverter o cenário de forte redução da população lusitana nas próximas duas décadas; é prioritário evitar o colapso da segurança social devido a uma balança cada mais desequilibrada entre quem trabalha e quem está reformado, num contexto de aumento da esperança média de vida.
Se estas três premissas parecem consensuais para economistas, sociólogos e demais especialistas, o tema da imigração divide opiniões, por exemplo, quanto ao grau de abertura de fronteiras, numa economia historicamente aberta; à segurança nacional; à proveniência e qualidade da mão de obra a importar; ou ao tipo de integração social que é suposto existir quando acolhemos cidadãos de todo o mundo e de vários estratos sociais.
Facto: Portugal perdeu cerca de 200 mil residentes, entre 2011 e 2021. Quando assistimos à saída de tantos jovens qualificados nos últimos anos pré e pós pandemia, e também no período recessivo da troika, devido aos salários baixos praticados em Portugal, sabemos quão importante é o acolhimento prestado aos médicos, enfermeiros, gestores, juristas e tantos profissionais lusitanos que procuram uma vida melhor no exterior..
Nesta edição, debatemos o desenho e a eficácia do sistema de integração dos estrangeiros que escolhem Portugal para viver e trabalhar com dignidade, e também os respetivos mecanismos institucionais, legais e de segurança nacional, na sequência da criação, em abril, da Agência Portuguesa para as Minorias, Migrações e Asilo (APMMA) que é suposto entrar em funcionamento em final de outubro – e que substituirá o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Gonçalo Matias, jurista, professor e presidente da administração da FFMS – Fundação Francisco Manuel dos Santos (que produz informação relevante através da Pordata), e Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS e ex-secretário de Estado da Internacionalização, em representação da atual maioria que governa o país, esgrimem argumentos sobre a necessidade da entrada regrada de mão-de-obra estrangeira e discutem se a nova agência deveria ou não ter mais competências para atrair e selecionar os profissionais que o país realmente precisa. O conteúdo e o tom das próximas páginas demonstram que é possível e urgente uma reflexão civilizada sobre esta questão de fundo.
Quem também está determinado a lutar por um país bem melhor é António Portela, presidente-executivo da Bial, que revela a aposta do grupo farmacêutico na inovação, no talento e na internacionalização. Além da entrevista sobre o modelo de negócio da Bial, António não esconde a ambição do crescimento para o seu grupo e para o país. Nas rubricas do “Sucesso.pt”, vale a pena conhecer o seu pensamento (“Portugal 2043”), o seu estilo de liderança (“À minha maneira”) e a forma como tem superado obstáculos (“Sim, conseguimos”). E, acredite, vai perceber melhor o simbolismo das palavras curiosidade e paixão. Como lembra o guru da Gestão Gary Hamel, a cereja no topo do bolo numa organização é a paixão pelo que se faz.