A demagogia não é solução para a habitação

A gravidade do problema da habitação exige ação rápida, boa política pública e menos propaganda.

O problema de acesso à habitação, em especial dos mais jovens ou dos que não têm rendimento para adquirir ou arrendar uma casa nas principais cidades do país, exige um compromisso rápido, justo e diferente dos partidos com assento na Assembleia da República e do próximo governo que será formado após as eleições legislativas de 10 de março. O tema é demasiado grave, sério e socialmente alarmante para respostas vagas, doses de de maior burocracia ou a criação de N gabinetes de estudos porque já há diagnósticos feitos e soluções conhecidas ou reflectidas para um problema estrutural da economia e da envelhecida sociedade portuguesa. É preciso ação. É urgente!

Vamos a alguns factos que são conhecidos e foram debatidos no “Sim ou Não” desta edição (que é possível ver / ouvir em Amanha.pt e Euronews): 73% das famílias portuguesas são proprietárias de casas e um terço deste universo está sujeito a financiamento do banco, sofrendo atualmente com a subida do valor dos empréstimos e do aumento da taxa de juro. Por cada ano que passa à espera de licenciamento, o valor do m2 aumenta 500 euros. Os licenciamentos morosos, entre outros fatores, levaram a redução na construção de novas habitações e a um desequilíbrio dramático entre oferta e procura, inclusivé no mercado do arrendamento. Há milhares de fogos (mais de 700 mil) devolutos e 10 mil são propriedade do Estado, se é que o Estado tem essa relação já identificada. A carga fiscal (IVA, IMT, selo, AIMI) é de quase 50%, em Portugal, enquanto em Espanha o imposto é de 10% na compra de uma casa.

Desafiámos especialistas a debater este tema que afeta a sociedade em geral e os mais jovens em particular: Hugo Santos Ferreira, presidente da associação dos promotores e investidores imobiliários, e Luís Mendes, professor e geógrafo, esgrimem argumentos com honestidade intelectual e conhecimento da matéria (o que nem sempre vimos ou ouvimos nos debates eleitorais, infelizmente), sabendo que aqui náo é o palco para duelos partidários.

Nesta linha, convido o(a) leitor(a) a ver, ouvir e ler em Amanha.pt os debates anteriores sobre imigração, saúde, infraestruturas, água, economia, fiscalidade, envelhecimento, natalidade, voto eletrónico, sistema político, cultura, instituição militar, energia, dessalinização, retenção de talento, educação, progressão na carreira ou descentralização municipal.

Nesta edição, sugiro conhecer melhor o caso “Luís Simões” e a sua expansão para Espanha, contado na primeira pessoa por José Luís Simões. Uma lição de vida, de gestão prática e estratégia, que pode ver / ouvir no “Sucesso.pt” no site e Euronews (Youtube).

Nota final para as crónicas de Carlos Cid Álvares (25 anos de passagem da soberania de Macau), Ricardo Marvão (inovação e sustentabilidade) ou Jaime Quesado (inovação e crescimento), também disponíveis em podcast.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt