Talento: Coimbra e Macau cooperam na tecnologia e língua sem limites

A Universidade de Coimbra e a de Macau unem esforços para levar o conhecimento tecnológico e a língua portuguesa mais longe através de uma parceria estratégica de cooperação.

As relações entre as Universidades de Coimbra e de Macau têm um novo impulso com um acordo que criou o Laboratório Conjunto de Investigação em Tecnologias Avançadas para Cidades Inteligentes, instalado na UPM. O principal objetivo consiste na realização de projetos desenvolvidos em comum, de Computação, Inteligência Artificial e TIC, apoiando a formação de jovens investigadores das duas instituições, nestas áreas.
Durante um encontro realizado em finais de outubro, foi também estudada a possibilidade de serem oferecidos doutoramentos em cotutela com a Faculdade de Medicina da UC, a par de um programa de Estudos Avançados em Relações Económicas Internacionais e da perspetiva de criação de um doutoramento duplo entre as duas academias.
O objetivo consiste em manter as sinergias indispensáveis a um saber de excelência, através de parcerias e acordos que permitem rentabilizar o conhecimento de ambas as instituições universitárias.
Criada em 1981, a UPM é atualmente uma das 200 melhores Universidades do mundo e mantém parcerias com diversas congéneres de todos os quadrantes, com realce para a Universidade de Coimbra, com a qual tem desenvolvido inúmeros projetos em comum ao longo dos anos.
João Nuno Calvão da Silva, vice-Reitor para as Relações Externas e Alumni da UC, realça o facto de tudo ter começado com o curso de Direito, dado em português e chinês, que lecionou na UPM, entre 2002 e 2004. Na sua opinião, a grande conexão entre os povos que falam Português é a própria língua, como uma pátria comum e “através da qual se mantém uma ligação importante com a República Popular da China”.
É também nessa perspetiva que considera o Português “o nosso valor acrescentado através do qual nos ligamos aos demais países” e é nessa língua que transmite e valoriza o seuempenho em ajudar a desenvolver saberes.
“O nosso compromisso para com os diferentes povos de língua portuguesa tem sido elogiado”, realça, “honra o passado, consolida o presente e projeta o futuro”.
Inicialmente um Politécnico, a UPM atingiu, ao cabo de 40 anos, o estatuto de Universidade. Tem por língua veicular o Inglês, mas alguns cursos mantêm o Português, como é o caso do de Direito. Afirmando-se como multicultural, segue um sistema educacional holístico, num contexto internacional. O seu corpo docente é composto em 80% por professores oriundos do exterior e afirma-se “comprometida em produzir graduados criativos e socialmente responsáveis, com uma mentalidade global e competitividade internacional”.

Um caminho de excelência

Grande impulsionador das parcerias desenvolvidas entre as duas Universidades, ao professor Rui Martins tem cabido uma honrosa dinâmica no desenvolvimento dos projetos conjuntos com outras entidades.
“Tem feito um trabalho extraordinário”, considera João Nuno Calvão da Silva. A trabalhar em Macau há 31 anos, a ele se deve a intensa atividade de acordos e parcerias, em busca de um saber de excelência, através da inovação e das sinergias que cria e desenvolve.
No âmbito das relações entre as duas universidades, foi este ano assinado um acordo destinado à tradução para Português de livros considerados de relevância, de medicina tradicional chinesa, um projeto que inclui o Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Pequim, competindo à UC a publicação e divulgação destes livros nos países de língua portuguesa.
Para João Nuno Calvão da Silva, o presente reflete um caminho de vinte anos, que a sua Universidade de Coimbra pretende honrar, prosseguindo na consolidação e aprofundamento de uma cooperação que, parafraseando Rui Martins, considera não ter limites. Na sua perspetiva, trata-se de uma enorme responsabilidade que possibilitará e marcará o futuro das relações entre o nosso país, Macau e a China. Mas não só. A intensa relação universitária entre a UC e a UPM exponencia um universo infindável de possibilidades.
A porta da língua portuguesa está aberta para um futuro mais equilibrado, ao beneficiar o desenvolvimento dos demais países onde se fala o Português. Até ao ano de 2049, a língua de Camões continuará a coabitar com o Inglês e o Chinês, de acordo com o decidido aquando da transição, em 1999. Teremos, portanto, 26 anos pela frente, durante os quais as relações entre a UC e a UPM se manterão de mãos dadas, no caminho de uma excelência que privilegia, acima de tudo, o conhecimento.