Greves: como serão os sindicatos do futuro?

Sindicatos estão a perder força no privado e a renascer no público? Debate em verão quente

Os sindicatos estão a perder força, em Portugal e em todo o mundo, nas últimas duas décadas devido, entre outras razões, ao aumento do peso do setor dos serviços e das tecnologias de informação, à predominância do setor privado, ao envelhecimento das estruturas sindicais tradicionais ou ao surgimento de movimentos inorgânicos que concorrem e fragilizam o sistema das centrais sindicais mais partidarizadas, como sucede em Portugal.

Daí até se pensar que o sindicalismo está quase morto ou numa profunda crise é, manifestamente, um exagero, mas é relevante refletir sobre a proteção dos direitos dos trabalhadores e sobre quem estará em melhores condições de desempenhar esse papel, na floresta de vínculos precários e de transformações profundas das formas de trabalho aceleradas pela inteligência artificial e por novos modelos de gestão e organização das empresas.

Com a explosão do número de bilionários nos países mais ricos, e com o cenário de subida do fosso entre ricos e remediados ou pobres (com o inerente sobrecusto de tensões ou clivagens sociais), a acção cívica dos movimentos sindicais (reinventados e menos politizados) deve ser valorizada, em nome do equilíbrio social e de uma sociedade livre, justa e solidária.

Em Portugal, os últimos meses mostram o renascer da força sindical nas negociações com o Estado em áreas tão diversas como saúde, administração interna ou educação, mas será que este ressurgimento está circunscrito à máquina do Estado?

Convidámos o professor universitário / economista João César das Neves e o ex-secretário geral da CGTP, Arménio Carlos, e o debate aqueceu quando se espelharam as diferenças – e as provocações. É a prova de que um debate livre sobre questões estruturais (além da espuma mediática) tem relevância social e política, quando se procura maior profundidade de pensamento e diferenciação, como se pode ver no “Sim ouNão” em Amanha.pt e Euronews (youtube).

Sobre questões essenciais como o papel do Estado na economia, em especial nas chamadas empresas públicas, reflecte António Ramalho. E sobre energia recomendo ainda a crónica de Jorge Costa Oliveira, para ouvir também no podcast “Pensar Amanhã”. E sobre inovação em grandes eventos como, por exemplo, o Euro ou a Web Summit, sugiro a crónica de Ricardo Marvão.

Por fim, mas não menos importante, destaco ainda temas desta edição como a recomendação europeia de maior transparência salarial ou o crescimento do negócio da pêra rocha (produto tradicional português que devemos valorizar) para o mercado europeu. Tudo motivos para boas leituras, neste verão, em modo férias.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt