4 dias de trabalho semanal e menos imposto laboral?

Como podem as empresas avançar com benefícios laborais, sem descida dos impostos sobre o trabalho?

A semana de 4 dias é uma das mais conhecidas propostas da agenda do trabalho digno, avançada pelo anterior governo há cerca de um ano, tem sido objecto de reflexão recente na praça pública e, pelo impacto esperado (se vier a ser seguida), merece um debate sério sobre o que é possível aplicar, da teoria para a realidade, na melhoria da vida e na produtividade dos trabalhadores e numa melhor gestão das empresas e organizações.

Várias empresas do setor privado – na área dos serviços, maioritariamente – já “oferecem” aos seus trabalhadores a sexta-feira (ou a tarde de sexta) há vários anos, mas o projecto-piloto da semana de 4 dias é suposto vir a ser aplicado às empresas de todos os sectores, incluindo a indústria. Será isso exequível? As empresas portuguesas do sector industrial têm condições para essa redução da carga horária semanal dos trabalhadores?

A CIP e várias outras entidades que representam as empresas em Portugal levantam dúvidas, através do seu vice-presidente Rafael Campos Pereira (AIMMAP), mas a autora da agenda para o trabalho digno, a ex-ministra Ana Mendes Godinho, defende que há condições para se avançar, como é possível ler nesta edição e ver / ouvir no debate “Sim ou Não” no site Amanha.pt e na Euronews, num diálogo construtivo.

Por mais bondosas que sejam estas ideias, a grande questão para o futuro está na coragem (ou na falta dela) dos governantes para aliviar, a curto e médio prazo, a sufocante carga fiscal sobre empresas e trabalhadores, em especial nos pesados encargos das empresas com fisco e segurança social – o que se traduz em salários líquidos muito abaixo das remunerações médias europeias.

A motivação dos trabalhadores passa, acima de tudo, pelo aumento do rendimento líquido – porque é isso que paga as contas. Depois, é claro, ajuda haver boas condições no ambiente de trabalho. Só assim será possível obter maior produtividade. Do lado das empresas com boas práticas, creio que já quase tudo se tentou para atrair e reter talento. A bola está, portanto, do lado do Estado: baixar impostos é urgente e prioritário.

No campeonato europeu das boas práticas está a Colep Packaging, o último case-study do programa / podcast “Sucesso.pt” que regressou em setembro, com este projecto editorial, e faz agora pausa para preparar nova temporada. Vale a pena ver / ler a estratégia de Paulo Sousa para o crescimento mundial do negócio de produção de embalagens de metal.

Nesta edição, sugiro ainda ouvir o podcast “Pensar Amanhã” e ler as crónicas de Agostinho Pereira de Miranda (Justiça), Carla Baltazar (Gestão) e Salvador da Cunha (Reputação). Boas leituras!

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt