Vinho, festivais e imagem do país além futebol

O país é muito mais do que “copos e mulheres” (Dijsselbloem). Qual a agenda e como capitalizar?

Portugal pode e deve projectar externamente a sua imagem como palco europeu dos festivais de Verão, com maior eficácia, projeção e estratégia, para tirar real partido da procura crescente e do potencial de expansão no mercado da cultura e entretenimento.

A concorrência europeia ou internacional é enorme no segmento dos festivais de música e a proposta de valor de Portugal deveria ir além da organização do Rock in Rio (Lisboa), Superbock Superrock (Porto), NOS Alive (Oeiras / Lisboa) ou MEO Sudoeste (Alentejo), só para referir os de maior projeção nacional.

Há nichos que devem ser explorados entre os vários géneros musicais, inclusive na música clássica, e noutros domínios da cultura, através de uma estratégia que vise colocar Portugal como o destino de eleição na Europa (e não apenas do Sul) no usufruto deste tipo de entretenimento para vários públicos que geram receita e emprego, num tipo de diversão que vai muito além do sol e praia.

Nesta edição, o debate entre Luís Montez (Musica no Coração) e Rui Campos (grupo Fullest) evidencia a polémica intervenção pública no financiamento de festivais de promotores privados e na concorrência desleal que se verifica quando as câmaras municipais promovem directamente festivais de verão, com entradas gratuitas e “queimando” (para anos seguintes) cartazes de artistas que aceitam o “pacote tudo incluído” das autarquias que, nesse capítulo, distorcem a concorrência.

Decidimos aprofundar o tema, mais pela sua relevância económica e social, ao entrarmos no período do verão, e não tanto por polémicas estéreis sobre falhas de comunicação de organizações (que causam muita inveja) ou sobre acesso a tendas VIP, guerrilhas de alecrim e manjerona que pouco mexem o ponteiro – apesar das inusitadas agitações supostamente patrióticas nas redes sociais.

A esta proposta de uma estratégia para o país no domínio da cultura (música incluída) e do entretenimento junta-se a reflexão sobre a notoriedade de recursos e marcas de Portugal como o vinho e a necessidade de aumentar o preço médio para ir ao encontro da percepção e da procura internacional.

Na entrevista “Sucesso.pt”, o presidente da Viniportugal dá pistas para este problema e revela o caminho que os promotores da cultura vitivinícola devem seguir para a subida na cadeia de valor, à medida que melhora o reconhecimento mundial dos vinhos produzidos em Portugal e a predisposição para pagar mais pelos vinhos de qualidade de todas as regiões do país.

Sobre este setor escreve também José Ramalho Fontes, presidente emérito da AESE. Noutra vertente da promoção do que de melhor se faz no país, sugiro também a opinião de Nuno Fernandes Thomaz, presidente da Centromarca, sobre o potencial de crescimento das marcas no mercado lusitano, ambas opiniões para ouvir no podcast Pensar Amanhã.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt