Nós e a Europa – ou as duas razões, rumo a 2043

Camões salvou “Os Lusíadas” a nado. Temos visão e inspiração para planear 900 anos em 2043?

Que Europa queremos (re)construir a partir de dia 9 de junho? Mais industrial, mais competitiva a nível global, com mais e melhor emprego e com uma maior aposta na defesa e segurança? A ameaça da Rússia deve ser encarada como uma oportunidade para dar um novo fôlego ao fantástico projeto da União Europeia ou ficaremos pelas promessas e ilusões, tal como aconteceu com o suposto impulso industrial durante e após o combate à pandemia?

Haverá coragem para incluir, em breve, vários países candidatos ao alargamento da UE ou o receio da ingovernabilidade e o egoísmo de alguns prevalecerá? Haverá visão para entender que a Europa é um continente que inclui territórios e regiões da Eurásia e do Leste, onde o potencial de crescimento é tremendo, e que se deve fomentar relações políticas e económicas fortes com regiões vizinhas como o norte de África para alargar os espaços de influência?

Quer a velha Europa continuar a dependência militar dos Estados Unidos, evitando a repetição das situações de inépcia quando da guerra na ex-Jugoslávia? O conflito na Ucrânia será percepcionado como uma alteração de estratégia, para maior capacidade de auto-defesa de uma União que inclui vários Estados membros da NATO? Ou Moscovo e Pequim continuarão, de forma irónica e trocista, a perguntar com quem falam ao telefone na Europa?

O dia seguinte às eleições europeias deve dar-nos algumas respostas a estas e outras perguntas que, enquanto cidadãos, devemos colocar. Em Portugal, devemos também perceber que o alargamento deverá acontecer a curto ou médio prazo, os fundos vão reduzir em poucos anos e Bruxelas deixará de ser a árvore das patacas. Ou seja, estaremos por nossa conta e isso vai obrigar a reformas – que não podem continuar a ser adiadas.

No dia 10, quando celebramos 500 anos do nascimento de Camões, devemos também perguntar que estratégia vamos seguir para crescer bem mais, nos próximos 20 anos e que país ambicionamos ser em 2043, quando Portugal celebrar 900 anos como nação mais antiga da Europa – como temos preconizado desde o lançamento deste projeto editorial.

Sobre Portugal e Europa, sugiro as crónicas de Paulo Sande e Sara Machado ou a entrevista a a Fabrice Le Saché e ainda a opinião de Paulo Simões e Hugo S. Ferreira. E porque o futuro passa por saber valorizar os nossos recursos, debatemos o turismo (ex: limitação de licenciamento de novos hoteís?) e a floresta. no negócio de pinho da Carmo Woods.

Estamos em várias plataformas porque quem nos acompanha desde setembro sabe quem somos, ao que vimos e para onde vamos. Com independência e confiança.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt