Qual é a sua visão para o país a 20 anos?
JF — Essa é uma pergunta simples e complexa. Temos de acompanhar a Europa e pensar nos melhores países da Europa para se viver e dizer assim: “nós queremos ser como eles”. É um caminho simples. Mas eu diria mais do que isso.
Portugal precisa de uma estratégia a longo prazo. Ou seja, um pacto entre os decisores que permita que durante os próximos 20, 30, 40 anos haja estratégias de base, macro, e independentemente das cores, independentemente dos gostos, essa estratégia de base mantém-se. Porquê? Porque isso vai dar frutos, não se calhar para a nossa geração, mas pode dar para os nossos filhos e com certeza vai dar para os nossos netos.
O que é que acontece na Suécia? Por cada árvore que se corta é obrigatório plantar quatro. E é exatamente este o sentido. Nós precisamos da madeira para construir, para a economia circular, mas precisamos de sustentabilidade e pensar de forma macro. Pensar que a floresta vai continuar a crescer, independentemente das cores e dos gostos e das coisas que mudam ao longo dos anos, mas esta filosofia mantém-se.
Ao contrário do que as pessoas possam pensar, que com a construção em madeira e com tanta gente a utilizar madeira as florestas estão a diminuir… não, na verdade, as florestas estão a aumentar. Porque estes países têm uma estratégia macro a 40 anos que permite que consigam investir a pensar no futuro.
Acho que é isso de que Portugal precisa. Precisa de pensar as suas redes logísticas a 40 anos, os seus portos marítimos a 40 anos, a sua falta de mão-de-obra a 40 anos, o seu desenvolvimento tecnológico e científico a 40 anos. Se realmente houver um plano macro pensado a 40 anos, de certeza que mais devagar ou mais depressa vamos chegar mais próximos daquilo que será o nosso objectivo, que é estar entre os melhores da Europa.
