A demissão do primeiro-ministro, no fim do ano passado, traz Portugal de novo às urnas. A agenda mediática está assoberbada com propostas políticas dos partidos: acumulam-se resultados de sondagens, discute-se quem “ganha” os debates e decide-se a direção do voto. Contudo, no meio deste panorama de indecisão e em plena campanha, onde fica a inovação para a sustentabilidade?
A acompanhar a queda do Governo veio o receio de se as iniciativas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) se manteriam ou ficariam suspensas. Até agora, embora a evoluir lentamente, estas atividades ainda não pararam. Contudo, não podemos deixar de notar o impacto negativo da instabilidade política no ecossistema de empreendedorismo e inovação: quando não sabemos quem se seguirá a governar Portugal e as políticas que defende, tudo abranda para assistir a este processo e sente-se a incerteza do que aí vem.
Ao ditar quem irá governar o país nos próximos quatro anos, as legislativas colocam do lado dos eleitos a responsabilidade de implementarem medidas concretas que possam contribuir para o investimento na inovação. Deixar a inovação para segundo plano na lista de prioridades não é opção.
É fundamental que os setores que trabalham para a sustentabilidade deem um passo além. Para isso, é preciso que surja liderança e legislação nesse sentido, que providencie tanto visão de futuro como apoios financeiros e incentivos fiscais a empresas e iniciativas que busquem soluções sustentáveis.
Só assim haverá uma vontade por parte das empresas para inovar e se tornarem mais verdes. Sentir certeza nas decisões tomadas conseguindo alinhar com as regulações ambientais necessárias para o futuro é fundamental.
As leis que entram em vigor têm a capacidade de promover a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis à medida que, simultaneamente, incentivam práticas comerciais mais amigas do ambiente. Temas como a digitalização, circularidade, renováveis e transição energética deixam de ser um empecilho e passam a ser uma escolha prioritária ao nível das organizações.
Apesar das decisões serem feitas agora, aqueles que assumirem os principais cargos de liderança ditarão parte do futuro do país e da possibilidade de as empresas incorporarem novas soluções nos seus sistemas por uma economia mais verde.
E, ainda que na ordem do dia estejam as legislativas, não nos podemos esquecer das europeias que também já estão à porta. A pouco mais de três meses de distância, as políticas e exigências europeias em termos energéticos e de emissões estarão na lista de prioridades, com impacto determinante já em 2025 em todo o ecossistema europeu.
As eleições são o reflexo máximo da vontade da sociedade e importa que os cidadãos escolham líderes responsáveis que estejam verdadeiramente comprometidos com a promoção da inovação e do desenvolvimento sustentável de Portugal.
Cofundador da consultora Beta-i