O ano de 2024 encerra vários riscos e incertezas, quer a nível nacional, quer a nível mundial. Desde 2020, que o nível de incerteza aumentou muito significativamente no contexto internacional. E no ambiente nacional também, mesmo com uma maioria absoluta do PS, em janeiro de 2022.
Do ponto de vista económico, as duas grandes questões, a nível mundial, são, primeiro, o choque derivado da subida das taxas de juro nos últimos dois anos que passaram de um valor próximo de zero ou mesmo negativo para um patamar de 4% a 5%, o aumento mais rápido de que há registo nas últimas décadas.
Em segundo lugar, os problemas económicos e financeiros na China, com uma bolha imobiliária e financeira, provocando graves problemas ao setor bancário, mas sobretudo ao “shadow banking”, além dos problemas da dívida dos governos regionais, bem como outros problemas estruturais da economia, nomeadamente a demografia, a quebra da competitividade e a “armadilha do rendimento médio”.
Hoje, o nível de dívida é, em quase todos os países, superior a 2006. Grande parte dessa dívida foi contraída num contexto de taxas de juro zero. Isso significa que, na dívida contraída a taxa de juro fixa (dívida pública e crédito imobiliário em países como os EUA, Alemanha ou França), os devedores estão protegidos (embora com cada vez mais dificuldades em emitir nova dívida). Porém, os credores (Bancos Centrais e sistema financeiro) têm perdas significativas.
Já na dívida a taxa de juro variável (empresas e crédito à habitação em diversos países, como Portugal), os credores estão, num primeiro momento, protegidos. Mas os devedores estão a suportar prestações cada vez mais altas. E os novos empréstimos têm custos maiores. Assim, muitos devedores podem entrar em incumprimento, levando a um efeito de segunda ordem nos credores, que terão de reconhecer essas perdas.
A política monetária da última década, fortemente acomodatícia e expansionista, com uma “explosão” dos balanços dos Bancos Centrais (nomeadamente FeD, BCE e BoE), gerou profundos desequilíbrios macroeconómicos. O nível do “Target 2” do BCE evidencia bem os fortes desequilíbrios da zona euro.
Em termos nacionais, é absolutamente extraordinário a forma como António Costa e o PS desbarataram a maioria absoluta. Os portugueses confiaram no PS e este falhou por indecente e má-figura do primeiro-ministro e de vários responsáveis governativos. O PS teve um mandato, conferido pelos portugueses, e desbaratou-o de uma forma que não tem desculpa, nem merece perdão.
Assim, a 10 de março de 2024, os portugueses serão novamente chamados a eleições legislativas. A escolha é simples e estas eleições são decisivas.
Uma hipotética vitória do PS seria condenar Portugal a mais um longo período de estagnação e empobrecimento, a juntar ao que se vive desde 2000. Passaram quase 25 anos em que o PS governou praticamente o tempo todo. E quando não governa, deixa uma pesadíssima herança, como se viu em 2002 e 2011.
Só um governo estável e com um programa reformista pode dar a Portugal a perspetiva de voltar a ter crescimento económico robusto, gerando assim a riqueza necessária para ter melhores salários e mais recursos para os serviços públicos e as prestações sociais, sem a necessidade de uma carga fiscal asfixiante e um aumento da dívida pública e externa.
Os vários “estrangulamentos” da economia portuguesa são conhecidos: custos de contexto e burocracia; pouca concorrência em diversos setores, com elevados custos de entrada; sistema fiscal; Justiça; mercado laboral; qualificação do capital e ligação universidades/politécnicos – empresas; baixa dimensão e capitalização das empresas; perspetivas demográficas muito preocupantes, com baixa natalidade e saldo migratório desfavorável em termos de qualificações; elevados níveis de corrupção, fragilidade das instituições e cultura de informalidade na governação e nas relações com o poder.
Tudo isto provoca uma produtividade baixa, o que, aliado a baixos níveis de investimento, internacionalização e inovação, leva a um crescimento reduzido do PIB potencial.
Desde 2000, a economia portuguesa apresentou somente um crescimento médio anual de 0.7%.
Só um governo reformista e com estabilidade pode desfazer os diferentes “estrangulamentos”, o que permitirá subidas na produtividade, maior atração de investimento e mais inovação e criação de valor, gerando assim mais crescimento económico e melhores salários e rendimentos.
Quem entender que o país empobreceu, que o caos nos serviços públicos é inaceitável (ainda para mais face aos impostos máximos que o governo cobra) e que o PS perdeu o respeito pelas instituições e, de forma indigna, pelo mandato e a responsabilidade que lhe tinham sido conferidos pelo povo, só tem uma alternativa: confiar no projeto político da Aliança Democrática (AD).
Professor de Finanças no ISEG e presidente do grupo parlamentar do PSD