Combater a pobreza capacitando as pessoas para a criação de riqueza

A agenda europeia e portuguesa deixaram cair o crescimento económico e a criação de riqueza substituindo-a por outras agendas mais ou menos politicamente correctas.

Em pleno século XXI, em tempos de redes sociais e de notícias ao minuto, parece que a sociedade se esqueceu que não existem soluções simples e milagrosas para problemas complexos. Por isso, pedir 3 medidas para Portugal 2043 é uma verdadeira missão impossível.

Pensando a 20 anos, mais do que 3 medidas milagrosas, diria que é um bom momento fazer uma reflexão sobre os principais desafios que Portugal, a Europa e o Ocidente enfrentam. O mais importante, sobretudo em Portugal, é cultural. A agenda europeia e portuguesa deixaram cair o crescimento económico e a criação de riqueza substituindo-a por outras agendas mais ou menos politicamente correctas.

O crescimento económico é o motor de qualquer bem estar social e vem de uma cultura de inovação. Ora esta cultura vem mais da China neste momento do que da Europa ou dos EUA. Dois exemplos concretos: comparem a inovação recente da Huawei e da Apple ou a capacidade de produzir carros elétricos a custos reduzidos. O que faz o Ocidente?
Discute tarifas aduaneiras para tornar os produtos mais caros ao invés de competir por qualidade/preço.

Um segundo desafio é demográfico. A população do Ocidente está a decrescer. Isto a 50 anos cria problemas muito sérios. Por um lado, a sustentabilidade da segurança social. A segurança social funciona como um esquema de pirâmide (não é politicamente correcto dizê-lo, mas é o que é) em que os contribuintes actuais pagam para os pensionistas atuais.
Uma redução da população implica um envelhecimento da população e uma potencial crise de sustentabilidade da segurança social. Lembremos que a segurança social tem menos de 100 anos e a sustentabilidade nunca foi verdadeiramente posta à prova.

Além disso, menos pessoas para trabalhar e consumir coloca uma pressão sobre a capacidade de produzir (tecnologia não resolve tudo) e a falta de consumidores pode gerar dificuldades de escoar bens e serviços e, por isso, efeitos no PIB.

A abertura do Ocidente a outros povos pode resolver algumas destas questões, mas abre outras relacionadas com a inclusão de pessoas com culturas diferentes e que na Europa está a gerar conflitos um pouco por todo o lado. A fixação de jovens que constituam família é crítica pode resolver alguns destes temas.

Para isso, é preciso que a economia consiga gerar salários que permitam ter uma família, nomeadamente no acesso a habitação e educação. Novamente aqui o crescimento económico tem um papel essencial.

Deixo para último aquele que pode ser mais controverso. Temos de acabar com a agenda de combate às desigualdades sociais para a substituir por aquilo que importa mesmo: combater os níveis de pobreza. Desigualdade é apenas uma medida de diferença entre pobres e ricos e nada diz sobre o nível de vida dos mais pobres. Podemos reduzir as desigualdades mantendo os pobres como estão e piorando o nível de vida dos que alcançaram melhor nível de vida. É mesmo isto que queremos? As sociedades mais igualitárias são sociedades melhores? A RDA era uma sociedade melhor que a RFA?

Por trás destes chavões surgem políticas nomeadamente fiscais para tirar a quem produziu, a quem se formou, a quem arriscou para depois a classe política poder usar esses fundos a seu belo prazer sem que sejam efetivamente utilizados em medidas para melhorar o nível de vida dos mais pobres.

O que temos de fazer é combater a pobreza. Isso faz-se formando as pessoas, quer na escola, quer em formações, onde as pessoas aprendam competências que possam aplicar, de preferência, a criar os seus negócios que possam gerar riqueza ao país. Novamente aqui se toca no tema cultural, o combate à pobreza por via da capacitação das pessoas para a criação de riqueza tem-se revelado uma fórmula muito melhor para reduzir os índices de pobreza e melhorar a vida dos mais pobres.

O jargão do combate às desigualdades apenas tem servido como desculpa para aumentar impostos para a classe política ter mais dinheiro à sua disposição para os seus jogos político-partidários sem que isso se traduza em medidas concretas.

Em suma dois temas de cultura (criação de riqueza e capacitação das pessoas) e um demográfico são 3 grandes desafios que temos pela frente com vista a alcançar crescimento económico que é crítico para o bem estar social.