Será romantismo ou quixotismo ousar pensar o país a vinte anos, rumo a 2043 (quando Portugal celebrar 900 anos do seu nascimento, pelo tratado de Zamora), quando a maioria dos meios de comunicação tradicionais noticia apenas o dia-a-dia, num mundo em que quase tudo é efémero?
A maioria das pessoas segue uns títulos breves ou uns feeds “noticiosos” dos googles desta vida ou umas imagens do Tik Tok ou outra qualquer rede social de vídeos engraçados e conteúdos ao estilo pudin instantâneo. Poucos são os que ainda procuram e estão dispostos a pagar por informação de qualidade e imparcial, de preferência, sem agendas políticas escondidas.
Enquanto isso, a maioria dos media (em especial televisivos) ficou prisioneira da solução fácil e barata de ocupar os seus espaços informativos com comentários de políticos, membros de partidos e “tudólogos”, para “encher chouriços”, desinvestindo da informação com rigor, reportagens com investigação e debates sérios com especialistas e com a preocupação de equilíbrio das tendências ideológicas. Talvez isto ajude a explicar a crise sem precedentes nos media tradicionais, em Portugal e lá fora.
A solução para a sobrevivência, num mercado cada vez mais difícil, passará pela diferenciação da missão, oferta e proposta de valor, através de estratégia multimedia ou multiplataforma, com produção de conteúdos em outsourcing (na maioria), para redução de custos fixos, e gerar receita através de conferências, debates e conteúdos segmentados que gerem valor para quem procura, lê, vê e ouve.
Foi isso que nos propusemos fazer neste primeiro ano do projeto “Portugal Amanhã”, criando conceitos como “Portugal 2043 – countdown para os 900 anos de Portugal”, “Pensar Amanhã” com cronistas que refletem além do curto prazo, debates diferentes “Sim ou Não” ou recuperando a marca de entrevistas “Sucesso.pt” de case-studies empresariais, puxando pelo que de melhor se faz no país – em modo start-up e com equipa mínima para jornal, TV, site, podcasts e redes sociais.
Neste mês de setembro (de primeiro aniversário do lançamento deste projecto), desformatamos jornal e site, dando o microfone e o espaço a personalidades que têm escrito ou debatido no espaço de liberdade que é o “Amanha.pt” (parceria Euronews).
Ana Mendes Godinho, António Nogueira Leite, Carlos Batista Lobo, Nuno Fernandes Thomaz, Rafael Campos Pereira, Ricardo Costa e Salvador da Cunha aceitam o repto de traçar cenários políticos e económicos, se o OE 2025 chumbar, e avançam previsões para a economia. Nas próximos edições, teremos mais portugueses(as) que pensam o país.
Nesta edição, sugiro ainda a reflexão de António Ramalho sobre a concessão das infraestruturas do Estado.
luis.ferreira.lopes@newsplex.pt