Aljubarrota ou viragem para Espanha?

Ferrovia, habitação, turismo, mercados financeiros e lições da História em destaque nesta edição

A batalha de Aljubarrota, travada a 14 de agosto de 1385, é um dos maiores feitos militares portugueses (cerca 7500 homens contra 30 mil) e um notável exemplo (aplicável aos dias de hoje) de superação de adversidades, quando se tem uma estratégia e se sabe usar a melhor táctica com os meios disponíveis, sem receio de um inimigo com maior probabilidade de vitória.

É raro o português que não tenha aprendido na escola a mestria da tática do quadrado e das covas do lobo ou que não sinta orgulho da liderança corajosa de D. João I e D. Nuno Álvares Pereira numa batalha decisiva que pôs fim à crise de 1383-85 e à invasão castelhana e permitiu a viragem de ciclo para a era dos Descobrimentos, como destaca Paulo Simões nesta edição.

Hoje, sem esmorecer no patriotismo, devemos perceber que estamos a perder terreno para o vizinho espanhol que não pára de crescer na economia (com enorme impulso do turismo), transportes, energia, indústria e finanças.
A ameaça castelhana de outrora deveria ser uma parceria, de facto, e não algo que se fica pelos discursos das visitas de Estado ou cimeiras ibéricas.

Como sublinha João Palma-Ferreira, nesta edição, não podemos atrasar o calendário das infraestruturas ferroviárias e portuárias, sem esquecer áreas críticas como água (ex: barragens e dessalinizadoras) ou energia.

Outra área que temos de dar máxima prioridade, correndo o risco de não conseguir travar a fuga de jovens talentos, é a da habitação, em especial para os jovens, apesar de recentes medidas do atual governo. Por isso, um dos debates deste verão é sobre habitação jovem. André Cardoso, presidente do Conselho Nacional de Juventude, defende que “a compra da primeira habitação poderia ter dedução em sede de IRS” e que “o governo precisa de apresentar mais propostas ao nível do parque habitacional público. (…) Não basta construir um prédio ou uma casa. É preciso visão estratégica”.

“A nossa geração é a primeira, em muitos anos, a viver pior do que as anteriores (…) O maior entrave à frequência no ensino superior é, sem duvida, o alojamento estudantil (ou a falta dele)”, argumenta também João Pedro Louro. “Para uma casa de 300 mil euros, um jovem tem de ter 40 mil de entrada. Quem ganha mil euros, não consegue. (…) “É preciso rever os Planos Diretores Municipais para permitir que se construa mais habitações por todo o país”, afirma o líder da JSD, da mesma área política do partido do governo.

Sugiro ver / ouvir o debate em Amanha.pt e Euronews (canal youtube em português) e ler também a crónica de Luís Leon, entre outros conteúdos que ficarão disponíveis em Amanha.pt

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt