Restauração e turismo precisam de imigrantes

Restauração precisa da imigração, um assunto para as urgências deste verão.

A falta de mão-de-obra na hotelaria, bem como noutros setores económicos, em plena época alta do turismo, é um paradoxo tipicamente lusitano: é visível e sentido por empresas e clientes (neste caso, da restauração), mas há pouca coragem para falar do tema porque parece ser politicamente incorrecto abordar o tema da imigração.

Portugal precisa de importar trabalhadores, qualificados ou não, tem de fazer um esforço acrescido para a sua correcta integração e as autoridades têm de ser sensíveis às necessidades do mercado, além de se precaverem para o grave problema da demografia e da sustentabilidade da segurança social. Por isso, convidamos para debate Ana Jacinto e Miguel Fontes.

O tema da imigração, a propósito da necessidade de mão-de-obra do sector da restauração, está hoje na agenda de Portugal e da Europa devido ao envelhecimento da população e da baixa taxa de natalidade no nosso país, problema grave que afecta, em particular, a sustentabilidade da segurança social. Por isso, recomendo a leitura atenta da crónica de Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos e professor de Direito que tem desempenhado uma activa e relevante ação cívica na reflexão aberta sobre este e outros temas estruturais para Portugal.

A questão do acesso à habitação é outro dos maiores problemas da classe média em Portugal (na verdade, é transversal a todas as classes sociais) e o papel da promoção e mediação no chamado real estate pressupõe profissionais cada vez mais qualificados, como escreve Maria da Glória Ribeiro, uma das mais respeitadas head hunters no nosso país e sempre atenta às novas tendências.

Por fim, mas não menos importante, recomendo vivamente a crónica de Paulo Simões (outro grande profissional na área do head hunting) sobre o tema de “saber sair a tempo”, quando tanto se comenta a desistência de Joe Biden como (re)candidato dos Democratas à presidência dos Estados Unidos da América, mas aqui com um enquadramento histórico bem português, recordando o exemplo notável de D. Nuno Álvares Pereira.

O Santo Condestável e pilar da implantação da dinastia de Avis, amigo leal de D. João I e estratega militar respeitado em toda a Europa do seu tempo e herói da batalha de Aljubarrota (14 de agosto de 1385), abandonou a riqueza e tudo o que o seu enorme prestígio como líder da nobreza granjeava para se recolher, em julho de 1423, no convento do Carmo, em Lisboa – monumento junto do qual se notabilizou, séculos mais tarde, Salgueiro Maia, outro militar inspirador e figura emblemática da nossa História e da Democracia.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt