O Ensino nas Escolas Médicas, a Tecnologia e a Humanização

À medida que a tecnologia avança, é vital garantir que o lado humano não é negligenciado

Nos últimos anos, temos testemunhado uma rápida e significativa evolução no campo do ensino médico, impulsionada pela inovação tecnológica e pela necessidade premente de preparar os futuros médicos para os desafios complexos e multifacetados do mundo moderno.

Em Portugal, as escolas médicas em geral e a NOVA Medical School em particular, enfrentam o desafio constante de adaptar os seus currículos e os métodos de ensino para acompanhar essas mudanças aceleradas e garantir que os seus alunos estejam preparados para uma prática médica que se torna cada vez mais complexa e exigente.

No cerne dessa transformação está a necessidade de repensar e redimensionar o papel das novas tecnologias no ensino médico. Ferramentas avançadas como simulações digitais, realidade aumentada e inteligência artificial estão a tornar-se cada vez mais comuns nas nossas salas de aula e laboratórios. Essas tecnologias oferecem aos estudantes a oportunidade única de praticar procedimentos médicos num ambiente seguro e controlado, antes de lidarem com doentes reais. Além disso, as plataformas de ensino à distância e os recursos de aprendizagem online estão a tornar-se componentes essenciais do currículo, permitindo que os alunos acedam a material didático em qualquer lugar e em qualquer momento, facilitando uma aprendizagem mais flexível e contínua.

A integração dessas tecnologias inovadoras no ensino médico não apenas melhora a experiência de aprendizagem dos alunos, mas também os prepara de maneira mais eficaz e eficiente para o futuro. Os médicos do século XXI devem deter um conjunto diversificado de competências e aptidões, para além do conhecimento médico técnico tradicional. É fundamental que sejam capazes de pensar criticamente, resolver problemas complexos e comunicar eficazmente com colegas e doentes.

As novas tecnologias desempenham um papel vital no desenvolvimento dessas competências, oferecendo oportunidades para uma aprendizagem ativa e para uma colaboração interdisciplinar. Além das capacidades técnicas e do conhecimento médico, a investigação científica desempenha um papel fundamental no avanço da medicina moderna. Nas escolas médicas portuguesas, promove-se uma cultura robusta de investigação que envolve tanto os alunos como os professores. Áreas de investigação emergentes, como a medicina personalizada, biotecnologia e saúde digital, oferecem novas oportunidades para inovação e desenvolvimento. A colaboração estreita entre instituições de ensino e centros de investigação acelera significativamente este processo, facilitando a partilha de conhecimento, recursos e experiência.

Um elemento igualmente crucial na formação de médicos competentes é a humanização dos cuidados médicos. À medida que a tecnologia avança, é vital garantir que o lado humano da medicina não é negligenciado. A humanização no atendimento médico envolve empatia, compaixão, e a capacidade de compreender e respeitar as necessidades e emoções dos doentes. Integrar essas qualidades no ensino médico é fundamental para garantir que os futuros médicos não tratam apenas doenças, mas também cuidam das pessoas.

Os currículos das escolas médicas devem, por isso, incorporar treino em comunicação, ética e cuidados centrados no doente. Sessões e simulações que envolvem interações com doentes simulados podem ajudar a desenvolver essas aptidões. Além disso, a formação em saúde mental e bem-estar para os estudantes de medicina é essencial para garantir que estão preparados para lidar com o stress e as pressões da profissão, mantendo a capacidade de prestar um atendimento compassivo. No entanto, apesar dos avanços significativos, ainda existem desafios substanciais a serem enfrentados no futuro do ensino médico em Portugal.

A falta de financiamento adequado, a resistência institucional à mudança, a pressão assistencial que dificulta o ensino em meio clínico, a falta de tempo protegido que permita disponibilidade para o docente-clínico ensinar, o ainda não reconhecimento do estatuto do estudante de medicina, a necessidade de verdadeiros centros académicos clínicos que reconheçam e promovam de forma equilibrada as atividades de ensino-investigação-prestação de cuidados, são apenas alguns dos obstáculos e dificuldades que precisam ser superados. A escassez de recursos financeiros e os outros obstáculos descritos limitam a implementação de novas tecnologias e inovações no currículo, e retardam a adoção de práticas pedagógicas mais modernas e eficazes.

As escolas médicas portuguesas têm um compromisso contínuo com a inovação e a colaboração, que lhes permite superar esses desafios e garantir que estão a preparar os médicos do futuro de forma eficaz e abrangente. Na NOVA Medical School temos investido na formação de docentes, no desenvolvimento de parcerias com a indústria tecnológica, promovemos uma cultura de investigação e inovação, garantindo que estamos a preparar os nossos alunos para os desafios do mundo moderno, assegurando que se tornam médicos competentes, compassivos e preparados para enfrentar as complexidades da prática médica contemporânea.

A humanização dos cuidados, aliada ao uso da tecnologia, cria um modelo de cuidados que é simultaneamente eficiente e empático, abordando as necessidades dos doentes de maneira holística.

A transformação do ensino médico em Portugal não é apenas uma resposta às necessidades atuais, mas uma visão para o futuro da medicina. Ao adotar uma abordagem proativa e inovadora, as escolas médicas podem liderar o caminho para um futuro onde a prática médica é continuamente aprimorada por novas descobertas e tecnologias, onde os médicos são formados com um profundo compromisso com a excelência, a ética e a compaixão. A união entre tecnologia e humanização no ensino médico promete não só melhorar os resultados clínicos, mas também fortalecer a relação médico-doente, garantindo um cuidado mais completo, humanístico e humanizado.