O futuro da digitalização em Portugal

A evolução cada vez mais rápida das expectativas dos consumidores traz enormes desafios às organizações

Nos últimos 25 anos tive a sorte de trabalhar em duas empresas de ponta, que de formas diferentes contribuíram significativamente para a digitalização do país.

Primeiro na Portugal Telecom em que vi nascer marcas como o Sapo, TMN e MEO, e nos últimos 11 anos no Google Portugal, em que vivi de perto a adoção massificada dos portugueses ao Gmail, ao Google Maps, ao YouTube, entre outras. Atravessei por isso uma parte importante daquilo a que chamo “Revolução Digital”, que atravessa os anos 80, 90 e 2000 até aos dias de hoje.

Uma parte dessa jornada foi feita enquanto consumidor e utilizador, outra foi enquanto agente de transformação do tecido empresarial português, trabalhando de perto com empresas do sector privado e do sector público na sua jornada de transição digital.

Agora, na minha transição para a Biometrid, vou continuar trabalhar para digitalizar Portugal, causar impacto na sociedade e na economia portuguesa através de soluções de Verificação de Identidade com prova de vida, KYC, Face Match, Autenticação Biométrica Forte entre outras e ajudar as empresas a garantir rapidez, eficiência e segurança na jornada dos seus clientes.

A Revolução digital tem 3 características principais: a redução dos custos de produção tecnológicos, a redução dos custos de “storage” com a transição para cloud e conectividade permanente e segura. Tem como característica adicional a certeza que os consumidores e cidadãos são mais rápidos na adoção tecnológica do que são as empresas, tanto do sector privado como do sector público. Aliás, a evolução cada vez mais rápida das expectativas dos consumidores traz enormes desafios às organizações que são normalmente mais lentas a incorporar e ir ao encontro dessas expectativas.

No que toca aos consumidores, Portugal é um país com indicadores vez mais próximos da média europeia. Segundo o estudo da Economia Digital da Acepi 2023, em 2024 a penetração de internet em Portugal será de 89% vs 94% na União Europeia. No mesmo estudo podemos ver que a percentagem de portugueses que acedem a plataformas bancárias online já ultrapassou a média europeia, 68% vs 66%. Isto mostra que somos de facto um país de “early adopters”, ávidos em utilizar a tecnologia em prol da melhoria das nossas vidas.

Estamos agora a viver a explosão da Inteligência Artificial e sobretudo da Inteligência Artificial Generativa. Não conseguimos ver ainda com claridade o impacto que esta tecnologia vai ter na vida dos cidadãos e das empresas. Mas tenho a convicção que os ganhos vão ser infinitos, tanto ao nível da melhoria da vida das pessoas como ao nível das empresas pela otimização de processos, redução de riscos, aumento da produtividade, diminuição de custos, personalização do atendimento ao cliente, inovação e criação de conteúdo e muito mais.

Mas, como é óbvio, a Inteligência Artificial não virá sem riscos. Assistimos hoje a um crescimento significativo de crimes de cibersegurança e de roubo de identidade (impersonating), muitas vezes ligado a fraude financeira, branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo. No mesmo sentido continuam a aumentar as fraudes nas transacções bancárias, com impacto no aumento do número de processos judiciais, devido a sistemas de autenticação desactualizados e pouco seguros.

Os cidadãos têm hoje a ambição de utilizar a tecnologia ao seu dispor para aceder de forma digital e segura a todo o tipo de serviços, sejam privados ou do Estado. Têm a ambição de conseguir renovar o cartão de cidadão, a carta de condução, emitir o passaporte, abrir uma conta bancária, subscrever um seguro, fazer prova de vida na Segurança Social, marcar uma consulta online e abrir uma conta da água ou da eletricidade sem sair de casa, de forma eficaz e segura.

Há por isso uma responsabilidade do Estado em capacitar ainda mais o sector público de meios que permitam uma cada vez maior adoção dos serviços públicos de forma digital e segura aos seus cidadãos.

Estamos ainda no ponto de partida mas é de elementar justiça destacar o trabalho que está a ser desenvolvido pela AMA – Agência para a Modernização Administrativa, com a Chave Móvel Digital que é hoje um sinal de que Portugal tem condições para ser um país mais moderno, digital e seguro em que cada português tem, com o seu telemóvel, uma loja do cidadão digital no seu bolso.

CEO da Biometrid