25 de abril: 50 anos depois, desenhar o futuro

A RTP deveria ser privatizada? Precisa de tantos canais de televisão e de rádio? Oiça e veja o debate.

A celebração dos 50 anos de Democracia, conquistada a 25 de abril de 1974 (e reconquistada a 25 de novembro de 1975), é um bom pretexto para a reflexão coletiva sobre o país que queremos (re)construir nas próximas cinco décadas ou, pelo menos, até 2043, quando Portugal celebrar 900 anos de independência (tratado de Zamora, em 1143).

Podemos fazer balanços e daí tirar lições do que correu bem ou nem por isso e do muito que está por fazer, mas é o momento de agradecer ao capitão Salgueiro Maia pelo exemplo de bravura, honestidade e integridade de um herói de abril que é o verdadeiro símbolo da Liberdade. Sobre Salgueiro Maia, o poeta Manuel Alegre escreveu:

«Ficaste na pureza inicial \ do gesto que liberta e se desprende. \ Havia em ti o símbolo e o sinal \ havia em ti o herói que não se rende. \ Outros jogaram o jogo viciado \ para ti nem poder nem sua regra. \ Conquistador do sonho inconquistado \ havia em ti o herói que não se integra. \ Por isso ficarás como quem vem \ dar outro rosto ao rosto da cidade. \ Diz-se o teu nome e sais de Santarém \ trazendo a espada e a flor da liberdade.» É um poema que emociona quando se recordam as imagens do jovem capitão perto do Terreiro do Paço, após a recusa dos militares a uma ordem para dispararem sobre ele ou ainda na vitória sem sangue, no Largo do Carmo.

Como o general Ramalho Eanes (outro herói da Liberdade) lembrou, em duas entrevistas à RTP e à SIC, agora o mais importante é olhar para o futuro com esperança, mas sabendo que temos de travar a fuga de talentos nacionais para o estrangeiro e inverter o declínio, com maior justiça social, o que só se consegue com forte aposta no D de desenvolvimento.

Nesta edição de celebração da Liberdade, no debate “Sim ou Não”, perguntamos se fará sentido voltar ao cenário de privatização da RTP e o que é preciso mudar no financiamento dos media. Alberto Arons de Carvalho (professor universitário) e Carlos Rodrigues (Medialivre) aceitaram o desafio, sem tabus e sem mordaças.

No ”Sucesso.pt”, analisamos os ciclos de crescimento e inovação da Silampos, antes e depois do 25 de abril de 1974, numa entrevista a Aníbal Campos.

Na opinião, sugiro as crónicas de Carlos Tavares (economista e membro da SEDES), que traça a evolução portuguesa nestas cinco décadas, confirmando a quase estagnação neste século XXI (ouvir podcast “Pensar Amanhã”), e de Paula do Espírito Santo (professora no ISCSP e na Católica Lisboa) sobre equidade e evolução da igualdade da Mulher nestes 50 anos. E ainda a entrevista a Nuno Palma, economista e professor na Universidade de Manchester, com a sua visão sobre a evolução económica, política e social de Portugal.

Abril é uma conquista do Povo, não é da Esquerda ou da Direita. É preciso reinventar Portugal.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt