87% dos portugueses já usa IA para planear viagens

“Millennials e Geração Z lideram era das viagens digitais. O futuro vai estar muito assente na Inteligência Artificial”, revela estudo da eDreams.

Quando Phileas Fogg partiu para a volta ao mundo na noite em que apostou conseguir fazê-la em 80 dias, não consta que tenha perdido muito tempo a planear a viagem. Mas, aos dias de hoje, tanto empresas como viajantes estão a aproveitar a Inteligência Artificial (IA) para facilitar as suas deslocações. O mais provável é que o/a leitor/a também: 87% dos portugueses usa ferramentas de IA nos processos de preparação de viagens ou está interessado em utilizar esta possibilidade.

Este indicador é consideravelmente superior à utilização a nível mundial, que engloba 73% de viajantes, de acordo com dados divulgados pela eDreams ODIGEO, em abril. Previsivelmente, são os mais jovens que mais aderem às ferramentas de IA mas, em comparação com os demais mercados, Portugal destaca-se na integração destas tecnologias por utilizadores com 65 ou mais anos, 24 pontos percentuais acima da média global para esta faixa etária.

Estes dados mostram que “os Millennials e a Geração Z estão já a liderar a era das viagens digitais”, o que “revela que o futuro das viagens vai estar muito assente na IA”, conclui a empresa em comunicado.

Turismo à medida

No relatório The Promise of Travel in the Age of AI, lançado pela McKinsey e Skift Research em setembro de 2023, a consultora indica que existe um aumento potencial de 12 a 25% nos resultados de uma empresa que introduza tecnologias digitais, incluindo IA, e instrumentos de análise de dados. Estes podem ser aplicados ao longo de todo o processo de planear, marcar, realizar e ajustar todos os aspetos que uma viagem implica: transportes, alojamento, alimentação e recreação.

A integração destas ferramentas nas operações das empresas de viagens permite uma maior segmentação dos utilizadores, “talhando” a sua experiência com base na análise das suas preferências e adaptando-a às interações com a plataforma e com assistentes virtuais ou chatbots.

Estes mecanismos “personalizam a experiência do utilizador”, mas são também meios de comunicação eficaz na procura de alternativas quando (como sempre acontece) há imprevistos. Entre as suas várias funcionalidades, o ganho potencial da utilização de chatbots com integração de IA para o setor do turismo ronda os 16.8 mil milhões de euros, aponta o relatório.

Mas a segmentação dos utilizadores também permite à empresa adaptar a sua abordagem com base nos dados de cada “subgrupo”, prevendo padrões de procura e optimizando os preços (que passam a ser “dinâmicos”). A utilização de IA no contacto com o cliente, nas operações e na análise de dados permitirá automatizar 30% das horas de trabalho já em 2030, prevê a McKinsey, que indica ser uma vantagem para libertar recursos humanos para o serviço ao cliente.

Viajar é o que está a dar

O setor das viagens e turismo irá atingir o máximo histórico de 10.3 biliões de euros em 2024, estima o World Travel & Tourism Council (WTTC), ultrapassando o valor auferido no “ano dourado das viagens” de 2019. A instituição prevê um crescimento médio anual de 3,7% para a próxima década, face aos 2,4% da economia global, com o setor a atingir os 14.9 biliões de euros em 2034.

O investimento de capital de risco em startups desta área também está a aumentar, ultrapassando os índices anteriores à Covid-19 e atingindo os 11 mil milhões de dólares em 2021, indica a McKinsey. A aposta na inovação e no I&D alavanca as expectativas de um setor que está “na fronteira da sua era mais transformadora até agora”, explica em comunicado a WTTC.
Vai ser um período de “experiências sem paralelo” para os viajantes, assegura.

*Editado por Luís Ferreira Lopes