Não chega semear, é preciso regar

Escolas e universidades devem promover programas especiais de empreendedorismo

A 24 de março assinala-se o Dia Nacional do Estudante e nunca é tarde para relembrar a importância fundamental desta “profissão” que ocupa anos importantes do crescimento dos nossos jovens.

Ainda que haja um longo caminho a percorrer no sistema educativo em Portugal, começamos a assistir a cada vez mais exemplos onde a norma deixou de ser aulas de horas e horas a ouvir um professor calado sem qualquer tipo de interação.

Nos últimos anos, assistimos a uma preocupação crescente em desenvolver o espírito crítico das crianças e dos adolescentes. A sociedade de informação em que vivemos e que foi evoluindo assim o exigiu.

Ler informação e assimilar já não é suficiente (até porque é agora bastante acessível): é preciso questionar, debater, fazer diferente e inovar.

Não podemos esquecer que os estudantes de hoje serão os trabalhadores de amanhã e refletirão todas as bases do seu conhecimento nos seus percursos profissionais. Já para não falar na Inteligência Artificial que põe um ponto de interrogação sobre as competências necessárias para o futuro.


O dinâmico ecossistema de empreendedorismo vivido em Portugal gera uma maior urgência em estimular o espírito criativo nas escolas e nas Universidades, incentivando-se a colaboração para que novas e transformadoras ideias surjam.

É neste ponto que nos apercebemos da relevância dos trabalhos de grupo e do quanto nos ensinam a desenvolver capacidades de tolerância, compreensão, interajuda e adaptação.

Se há alguns anos se achava que o sucesso vinha em nome individual, hoje já percebemos que essa não é a realidade. Precisamos uns dos outros para conseguirmos chegar a soluções diferentes e capazes de levar a sociedade mais além.

É aqui que entram, uma vez mais, as instituições educativas: é fulcral estabelecerem-se rigorosos padrões de exigência em termos de empreendedorismo e espírito crítico ao longo de toda a jornada dos estudantes. Um bom exemplo é a parceria desenvolvida pela Beta-i com a European Innovation Academy e a cidade do Porto com a sua Universidade, onde mais de 600 estudantes dos cinco continentes criam startups (em grupos de 5 estudantes) que vão do zero a 1000 utilizadores em três semanas durante cada Verão.

Contudo, que não se pense que implementar algumas atividades neste sentido é suficiente. É preciso estabelecer iniciativas e, simultaneamente, regá-las. Como é que isto pode acontecer na prática? As escolas e as universidades devem promover programas especiais de empreendedorismo, esforçando-se também para que tenham impacto e repercussões reais.

As parcerias entre as instituições educativas e as empresas são particularmente relevantes neste tema, retomando-se a importância da colaboração. Um bom exemplo é a nova rede RISE Europe: 14 países europeus e as suas instituições de ensino e investigação uniram-se para criar possibilidades onde os estudantes desenvolvem soluções que possam sair do papel e serem testadas na realidade empresarial, uma das melhores formas de aprendizagem e de incentivo à inovação, para além de apoiar e suavizar a entrada dos jovens no mercado do trabalho.


Neste Dia Nacional do Estudante, relembremos a necessidade de alimentarmos e desafiarmos as capacidades cognitivas dos nossos jovens, que não fiquem perdidas as suas capacidades de pensar, colaborar, criar e inovar.

É nossa responsabilidade ir mais além, para podermos inovar e promover o crescimento sustentável do nosso país.

Co-fundador e Chief Growth Officer na Beta-i