Quem tem medo das Universidades e Cultura?

O Ensino Superior precisa de uma reforma? Está preparado para ajudar o país, neste novo ciclo político?

Estarão as universidades portuguesas focadas num ensino mais prático, crítico e com maior recurso às novas tecnologias? Apesar da autonomia universitária, estarão reféns da pesada estrutura do ministério e dos interesses corporativos dos professores? Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra, e Pedro Santa Clara, diretor da Escola 42 e Tumo Coimbra (e um dos pais da Nova SBE) respondem ao desafio, num contexto político de repensar o país e olhar para o futuro com melhor ensino.

Nesta edição, que tem como grandes temas o Ensino Superior e o negócio da Cultura, destaco as crónicas de duas jovens portuguesas com visão crítica a partir do exterior: Catarina Leão, docente em Oxford, defende que Portugal poderia seguir o modelo de pensamento crítico estimulado pelas universidades britânicas; Constança Simões, com mestrado em Cambridge e dois anos de trabalho no Banco de Inglaterra, partilha as dúvidas de tantos emigrantes qualificados num eventual regresso a Portugal, após ter saído em busca de maiores oportunidades de carreira e melhor salário.

Não se trata apenas de uma questão civilizacional lusitana, quanto à demografia e à sustentabilidade da Segurança Social. A saída de talentos é uma prioridade e tem de ser estancada através de maior crescimento económico, melhores condições de trabalho e uma alteração profunda na organização do país, a começar pelo Ensino Superior (ler, ver e ouvir debate “Sim ou Não”).

Há outros desígnios na construção de um país bem melhor, na contagem para a celebração dos 900 anos de Portugal, uma das bandeiras deste projeto editorial:
1) melhor gestão das empresas e organizações, como bem sublinha Maria da Glória Ribeiro, numa crónica sobre a relevância do “Board Review” na Governance – o que se aplica às empresas, mas também à boa gestão do país;
2) uma visão mais realista e proativa da nossa política externa, cujos pilares estratégicos têm sido consensuais nos partidos do chamado arco da governação, mas há margem para melhorar, como destaca Cristiano Cabrita na última página.

Por fim, mas não menos importante, Álvaro Covões nada deixa por dizer quanto ao papel dos últimos governos na Cultura, na entrevista Sucesso.pt” que também pode ver no site Amanha.pt ou na Euronews ou ouvir em podcast.

O líder da Everything is New, empresa de promoção de espectáculos culturais (como festivais de música ou exposições) que já fatura 50 milhões de euros, defende uma maior ambição do país e maior relevância da Cultura e identidade.

Se não apostarmos num ensino de maior qualidade, na promoção da nossa cultura e numa melhor gestão das empresas e do país (e sua projeção externa), de pouco servirá o apelo para que os jovens (e os menos jovens) regressem a Portugal. Os próximos anos serão decisivos e exigem visão estratégica, defesa vigorosa dos interesses nacionais e maior patriotismo.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt