Quem salva o Serviço Nacional de Saúde?

O SNS está em coma? Quem acode ao serviço público?

A situação a que chegou o serviço nacional de saúde, nos últimos meses e neste pico de inverno com surto de gripes e outras doenças, deve merecer uma reflexão profunda sobre o modelo, financiamento e funcionamento do sistema público que protege a saúde dos portugueses e sobre medidas urgentes e de médio prazo para salvar o SNS.
Bandeira de uns, alvo de outros, o SNS português era até há meia dúzia de anos um exemplo europeu de gestão e de rede eficaz de saúde pública, com profissionais qualificados e dedicados e com menos recursos financeiros do que os atuais. No entanto, percebia-se que era necessária uma gestão executiva mais eficaz e um modelo de sinergias ou partilha de recursos entre hospitais e centros de saúde, sobretudo após o profundo desgaste da pandemia covid 19.
A verdade é que o sistema está, hoje, à beira do colapso, com a saída de milhares de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde para o setor privado e social ou para outros países que solicitam o talento português.
Ao cidadão comum, pouco interessa a guerrilha de interesses político-partidários ou corporativos. As pessoas querem – e exigem, até porque pagam muitos impostos – que o Estado garanta um serviço de saúde que resolve as necessidades básicas de quem está doente e isso passa por uma melhor articulação entre Estado (ULS, hospitais e centros de saúde públicos, administrações regionais) e hospitais privados ou do setor social.
Aos políticos, que agora disputam o poder nuns lugares no parlamento e num futuro governo, os cidadãos exigem ideias claras e propostas concretas que ajudem a resolver os seus problemas eseenciais e imediatos como a saúde.
O debate desta edição junta (ou opõe) Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, ele próprio médico do SNS, e Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde do primeiro governo de António Costa e professor universitário. A riqueza do pensamento, a solidez das suas críticas e as receitas de ambos para melhoras rápidas do SNS mostram bem a relvância de debater estes temas estruturais com seriedade e com pessoas de pensamento livre, sem amarras dogmáticas e ideológicas. O debate pode ser visto no site Amanha.pt e na Euronews ou ouvir no podcast “Sim ou Não” e, claro, pode ler no jornal Portugal Amanhã que celebra quatro meses como nova startup dos media em Portugal.
Nesta edição, destaque também para o caso “Sucesso.pt” da cooperativa Unimark (que pode ver, ouvir e ler nas mesmas plataformas), uma central de compras que reúne dezenas de grossistas e está no retalho alimentar, movimenta 800 milhões de euros e emprega mais de 2 mil pessoas diretamente.
Sugiro ainda as crónicas do economista Nuno Alvim e do jurista Agostinho Pereira de Miranda, com quem conversei no podcast “Pensar Amanhã”, entre outras provocações no podcast “Bússola”.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt