2043: vamos pensar o país além das eleições?

Teremos a capacidade, em 2024, de preparar o país para 2043? Algum partido pensa a 20 anos?

O ano de 2024 arranca com redobrada expectativa de mudança. O povo português tem a possibilidade de exercer o seu direito e dever cívico de votar para decidir que governo quer, para este ano ou para uma legislatura de quatro anos, e deve ter também a perceção de que já começámos a contagem decrescente para 2043.
Isto é, um desígnio nacional de maior ambição do Povo para a Nação, quando Portugal celebrar, dentro de 19 anos, nove séculos como Estado-nação mais antigo da Europa, com fronteiras definidas, o que é um ativo como marca-país que temos a obrigação de valorizar.
As decisões que tomarmos agora terão consequência num futuro próximo e por décadas. Isto é válido para a questão crucial das infraestruturas como o novo aeroporto de Lisboa, a ferrovia nas ligações Lisboa / Porto e Lisboa / Madrid, a terceira travessia do Tejo na capital e também para a segurança no abastecimento de água, em especial no sul de Portugal continental, o que deve passar por soluções como dessalinizadora e mais barragens.
Com toda a urgência, as novas decisões de política pública devem dar prioridade a áreas críticas como a saúde, educação, habitação, justiça e natalidade. Aliás, um dos temas que mais preocupou líderes de empresas e fundações ou universidades, que entrevistámos no “Sucesso.pt” (em 2023), foi a fuga e retenção de talento jovem e, claro, a falta de mão-de-obra em Portugal, assunto ligado à imigração e à demografia (como debatemos nas últimas edições do “Sim ou Não”). Por isso, sugiro ler, ver e ouvir o “Especial Portugal 2043” porque trata-se de ambição de 14 líderes e da sua visão a 20 anos; e não de meros desejos de ano novo.
Nesta edição, refletimos sobre questões estruturais de alimentação, nutrição e fiscalidade sobre o que comemos (e, sim, é absurdo olhar para a lista de alimentos que fica nas taxas intermédias ou na taxa normal de 23%), numa época em que é suposto regressar à dieta e ao ginásio – eufemismo para os tempos difíceis que se avizinham para este primeiro semestre, com economias em recessão, setores e empresas em reestruturação e investimento a ser repensado.
Não é por acaso que iniciamos o ano com reflexões sobre impostos e sobre agricultura / alimentação. Devemos pensar bem sobre o que é básico e essencial para viver ou sobreviver. Tudo o resto vem por acréscimo. Por isso, sobre fiscalidade e o imperativo do crescimento económico escreve Luís Leon e convidámos Eduardo Oliveira e Sousa, ex-presidente da CAP, a refletir sobre o setor agroalimentar. Os seus textos são o exemplo da aposta que fizemos em cronistas que pensam pela sua cabeça e que fazem a diferença.
Diferenciação é, de facto, a nossa proposta de valor e o nosso propósito. Em 2024, esse é o verdadeiro desafio do país: uma visão estratégica a 20 anos, com ambição.