TUMO: o futuro da educação em Coimbra

Projeto TUMO acaba de arrancar em Coimbra. O fundador da Escola 42 e da Nova SBE revela o objetivo do programa.

A transformação digital é uma realidade que trespassa todas as dimensões da vida em sociedade. Nos últimos anos assistimos a mudanças na forma como nos relacionamos, trabalhamos e aprendemos a uma velocidade sem precedentes – e só podemos esperar que estas mudanças acelerem ainda mais no futuro. As competências digitais tornaram-se imprescindíveis, estão em constante mudança e obrigam a repensar a educação de forma muito profunda.

Como devemos preparar a próxima geração para um futuro em que terão de assumir uma variedade de papeis ao longo da vida, reinventando-se constantemente para se manter relevante e contribuir para a sociedade?

Acreditamos que a educação para o futuro passa por dar aos jovens as competências pessoais e sociais de que necessitam e, sobretudo, os levem a “aprender a aprender”, a meta-competência mais fundamental para a adaptação e sucesso.

Por esta razão, estamos a lançar em Portugal uma iniciativa que acreditamos ter a capacidade de transformar o presente e o futuro da educação e tecnologia. Abriu dia 28 de setembro em Coimbra o primeiro centro TUMO do país com o objetivo de capacitar os jovens com as ferramentas, valores e conhecimentos necessários para prosperarem num mundo em constante evolução.

O TUMO é um centro de tecnologias criativas que promove um programa educativo totalmente gratuito, inclusivo e inovador, quer no seu formato, quer no seu conteúdo.

É um programa complementar ao ensino formal, no qual os estudantes dos 12 aos 18 anos decidem o que vão aprender. Os jovens podem escolher, e combinar, oito áreas de aprendizagem que aliam a criatividade com a tecnologia: música, animação, robótica, modelação 3D, design gráfico, desenvolvimento de jogos, programação e cinema.

Na prática, depois de uma fase de exploração das várias áreas, cada um pode escolher as que mais gosta e dar início ao seu percurso de aprendizagem. Esta dimensão de escolha é fundamental: a agência do aluno fomenta a curiosidade, a responsabilidade e a iniciativa que são fundamentais para a aprendizagem mais profunda.

O percurso de aprendizagem é feito presencialmente no TUMO, ao próprio ritmo e colaborativamente com os colegas. A formação progride à medida que o estudante vai completando um conjunto de atividades modulares com níveis crescentes de dificuldade, à medida do seu interesse e capacidade.

Cada aluno é acompanhado ao longo de todo o percurso pela equipa educacional, que dá apoio constante e assegura o desenvolvimento do potencial único de cada um.

São realizados workshops práticos ao longo das várias etapas, liderados por especialistas em cada área, e são organizados laboratórios avançados, multidisciplinares, com especialistas convidados que vão trabalhar com os alunos em projetos do mundo real.

No final do percurso, cada jovem terá um portfólio com os trabalhos realizados, um registo individual das suas aprendizagens e realizações, uma fonte de realização e autoconfiança.

Em Coimbra, renovámos o edifício dos antigos correios, tornando-o num espaço de aprendizagem para 1.500 alunos, com áreas pedagogicamente planeadas, como salas de workshops, estúdio de som, auditório e zonas de atividades, desenhadas para incentivar colaboração e experimentação.


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Através deste modelo pedagógico trabalham-se não só as competências técnicas, mas também a criatividade – incentivando a pensar de novas maneiras e a encontrar soluções inovadoras para problemas; o pensamento crítico – estimulando a análise e a critica da informação existente; a comunicação – desenvolvendo a compreensão a um nível suficientemente profundo para permitir a partilha com os outros; e a colaboração – apoiando o trabalho em equipa, desenvolvendo a relação com os outros e permitindo alcançar soluções coletivas mais ricas do que a soma das partes.

Este programa está amplamente testado uma vez que o “TUMO Center for Creative Technologies” tem, atualmente, 25 mil alunos inscritos a nível mundial. O programa foi fundado em 2011, em Erevan, na Arménia, e expandiu-se, entretanto, para a Alemanha, França e Suíça. No ano letivo de 2023/2024, além de Portugal, abrem novos centros na Alemanha, nos Estados Unidos e no Japão.

O sucesso do programa assenta no profundo envolvimento e colaboração da sociedade: um conjunto de entidades públicas e privadas comprometidas com a educação e a inovação.

O TUMO Coimbra abre portas graças aos parceiros Critical Software, Licor Beirão, BPI | Fundação la Caixa, Fundação Santander Portugal, Câmara Municipal de Coimbra, Altice Portugal, Oxy Capital, Paulo Marques e Pedro Bizarro (Fundadores da Feedzai) e Fundação Calouste Gulbenkian. Conta também com a colaboração ativa dos 14 agrupamentos de escolas do concelho, da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Coimbra.

O investimento no TUMO Coimbra é de 7 milhões de euros, que inclui as obras de reabilitação do edifício, todo o equipamento tecnológico do centro e os primeiros quatro anos de operação.
Os objetivos do programa TUMO são ambiciosos e refletem uma visão do mundo onde cada jovem tem a oportunidade de desenvolver o seu potencial ao máximo.

Através de experiências de aprendizagem transformadoras, os “tumonautas” desenvolvem competências pessoais, capacitando-os a tornarem-se autónomos, críticos e capazes de solucionar de problemas de forma criativa e inovadora.

Para chegar a um maior número de jovens, pretendemos abrir vários centros TUMO em Portugal e contribuir assim para a igualdade de oportunidades no país. Contamos, para isso, com o envolvimento da sociedade – famílias, escolas, empresas e autarquias – que queiram investir no futuro do país.

A educação precisa de ter como objetivo capacitar os alunos com competências transversais capazes de acompanhar um mundo em rápida mudança. O TUMO é mais do que um centro educacional: é um farol de inspiração e oportunidade para elevar as aspirações dos mais jovens.

Pedro Santa Clara
Professor e fundador da Escola 42 e do projeto TUMO