Telhados mais criativos, sustentáveis e próximos das pessoas

As coberturas dos edifícios são normalmente espaços amplos e inexplorados mas com grande potencial para atividades culturais, sociais e ambientais e este é o mote do Congresso European Creative Rooftop Network (ERCN) que tem Faro e as suas açoteias como anfitriãs, nos próximos dias 3 e 4 de outubro.

E se a cobertura da sua casa fosse um lugar ajardinado, uma galeria de arte ou um espaço de convívio comunitário? Em várias cidades da Europa, estes e outros cenários já são uma realidade graças ao trabalho da European Creative Rooftop Network (ECRN).

A ideia de transformar telhados urbanos em zonas dedicadas à criatividade, cultura e sustentabilidade, reimaginando o uso dos topos dos edifícios para criar novas dinâmicas com impacto nas comunidades, começou há quatro anos, é apoiado pelo Programa Europa Criativa, financiado pela União Europeia, e envolve várias cidades de Estados-Membros, além de Portugal, como a Alemanha, a Bélgica, o Chipre, a Espanha, a França, a Holanda e a Suécia, bem como a Irlanda do Norte (Reino Unido).

Agora, nos próximos dias 3 e 4 de outubro, especialistas nacionais e internacionais de diferentes áreas – arquitectos, designers, investigadores, economistas, consultores de planeamento urbano, decisores municipais e artistas, entre outros – reúnem-se num congresso que marca o culminar do programa e onde vão apresentar exemplos de iniciativas que já estão a mudar a paisagem citadina um pouco por toda a Europa, partilhar as melhores práticas, bem como discutir os desafios e as oportunidades encontrados ao longo de todo o processo, refletindo sobre o futuro das cidades neste contexto inovador.

Ideias e práticas que, curiosamente, nos chegam sobretudo do norte e centro da Europa, de países com vivências e um clima muito diferentes dos nossos, onde, explica Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro, “já há uma cultura muito consolidada de trabalhar o que os rooftops podem trazer aos grandes centros, concretamente às cidades modernas e do futuro, que se preparam para enfrentar desafios climáticos e sociais sem precedentes nas próximas décadas.

Fomos encontrar exemplos fantásticos em Roterdão, em Amsterdão, em Antuérpia ou em Praga, baseados naquilo que é a utilização sustentável e eficiente da cobertura dos edifícios, com realidades e perceções diferentes daquelas que nós tínhamos, que ultrapassam em muito apenas objetivos de lazer”.

Evento virado para o futuro das grandes urbes

O congresso realiza-se na Fábrica da Cerveja, na capital do Algarve, estando ainda previstas as visitas guiadas “Descobrir o Potencial dos Rooftops em Faro”, para dar a conhecer o património histórico ancestral e a arquitetura das típicas açoteias que vão ser palco de momentos culturais e que, em tempos idos, tinham como principal função recolher a água das chuvas do inverno para ser utilizada no verão.

Nesta altura quente do ano, serviam também como local de secagem de alfarroba, amêndoas e figos, frutos que seriam depois comercializados para sustento das famílias algarvias. Hoje, essa tradição perdeu-se no tempo, mas o potencial desses recintos amplos, e geralmente subaproveitados, é imenso.

Ao longo dos dois dias do encontro serão abordados temas como o aproveitamento dos topos dos edifícios nas grandes urbes do futuro de modo a torná-los multifuncionais e a maximizá-los, com partilha de experiências práticas, de que é exemplo a transformação dos icónicos telhados de zinco de Paris em espaços verdes, demonstrativos de como estas estruturas podem ser reinventadas para promover a sustentabilidade, o bem-estar e a qualidade de vida das populações.

A não perder, igualmente, três exposições sobre os projetos da ECRN, as cidades aderentes, os parceiros e a Nomad Academy ECRN, que desafiou nove estudantes ou jovens profissionais a desenvolver projetos originais para a utilização dos telhados em paisagens urbanas europeias, que são agora revelados ao público.

A rede ECRN projeta expandir as suas atividades, inspirando mais cidades europeias a integrar os telhados no seu planeamento, promovendo novos usos criativos desses espaços e, consequentemente, alterando não só a forma como são utilizados como a própria relação entre os cidadãos e o ambiente público, a paisagem citadina e a biodiversidade nas cidades.

Neste sentido, uma maior cooperação internacional é importante para fomentar a troca de conhecimentos, facilitar o financiamento de novas iniciativas e incentivar a criação de políticas públicas que apoiem o uso criativo e sustentável dos telhados nas grandes localidades.

Saber mais em www.ecrnfaro.eu.

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