Enquanto me sento para escrever sobre Paulo Simões – meu colega, meu amigo – sou invadido por uma onda de emoções. A dor da sua ausência pesa no coração, mas, ao mesmo tempo, sinto uma profunda gratidão. Gratidão por ter conhecido um homem tão extraordinário, por ter testemunhado a sua generosidade, a sua coragem sem limites e o seu compromisso inabalável em viver a vida ao máximo.
Uma Vida Que Inspirou Grandeza
Paulo tinha um dom raro: mudava as pessoas. Não com gestos grandiosos, mas simplesmente sendo ele próprio. Fez-nos sonhar mais alto, acreditar mais forte e desafiar o impossível. Chamar-lhe parceiro seria uma simplificação – ele era parte inseparável da nossa empresa, entrelaçado na sua essência. Os valores da empresa eram os seus valores, não apenas ditos, mas vividos. As relações que construiu iam muito além do profissional; eram amizades profundas, verdadeiras.
Estar na sua presença era sentir-se verdadeiramente visto, ouvido e valorizado de uma forma que poucas pessoas conseguem fazer sentir. O seu otimismo era contagiante, a sua sabedoria inspiradora. Mas, acima de tudo, ele acreditava no poder da conexão humana. Sabia que o sucesso não se media apenas pelos feitos, mas pelo impacto que temos na vida dos outros.
Um Mestre da Felicidade e da Arte de Viver
Poucas pessoas entendiam a felicidade como o Paulo. Para ele, a alegria não era apenas consequência do sucesso, mas um pilar essencial de uma vida com significado. Falava sobre isso em escolas de negócios, ensinando que o trabalho deve estar alinhado com a paixão. «Encontrar alegria na profissão é mais importante do que trabalhar em si», dizia ele.
Mas ele não se limitava a falar de alegria – ele personificava-a. Cada momento ao seu lado era uma experiência para ser saboreada. Quer fosse numa reunião ou à mesa de jantar, ele sabia que os melhores momentos da vida acontecem, muitas vezes, nos gestos mais simples.
Jantar com o Paulo nunca era apenas uma refeição – era partilhar histórias, trocar sonhos, celebrar a vida. O seu amor pelos melhores restaurantes do mundo não era sobre luxo, mas sim sobre filosofia: viver cada experiência com intensidade, saborear cada momento como único.
E agora, querida amiga Rosa, cabe-nos a nós continuar. Brindar em sua honra, celebrar a vida como ele gostaria que fizéssemos.
Destemido no Amor, Destemido na Vida
A coragem definia o Paulo – não só nos negócios, mas também na forma como amava e apoiava aqueles que o rodeavam. Tinha uma capacidade única de abraçar até as ideias mais ousadas com entusiasmo.
Nunca esquecerei quando lhe apresentei uma ideia completamente absurda que envolvia a Beyoncé. Ele sorriu, abanou a cabeça e disse: «Tu és f…ing maluco… Adoro!». Esse era o Paulo. Sempre pronto para ultrapassar barreiras, sempre a incentivar-nos a pensar maior, a confiar em nós próprios, a arriscar.
Nunca hesitava em falar com o coração. Se precisávamos de apoio, ele estava lá. Se tínhamos um sonho, ele acreditava nele antes mesmo de terminarmos a frase. Elevava as pessoas, dava-lhes coragem para perseguir as suas ambições mais loucas.
Uma Vida Medida Pelas Vidas Que Tocou
Um amigo sábio disse-me uma vez, depois da morte do meu irmão: «A vida não se mede pelo número de anos que vivemos, mas pelo número de vidas que tocamos».
Por essa medida, a vida do Paulo transbordava significado. Há apenas dois meses, quase mil altos executivos reuniram-se em Portugal para celebrar o 35.º aniversário da EZ – uma prova de quanto ele era admirado, valorizado e, acima de tudo, amado.
Sinto-me privilegiado por estar entre aqueles que ele tocou. Privilegiado por ter sido amado por ele, por ter partilhado risos, sonhos e momentos de pura alegria.
Obrigado, Meu Amigo
Paulo, amigo mío, és agora e para sempre uma parte de mim. Sempre que erguer um copo, perseguir um sonho impossível ou amar com todo o meu coração, sentir-te-ei ao meu lado.
E esse é o teu legado – um lembrete para realmente viver. Para abraçar a vida com toda a sua beleza e imprevisibilidade, exatamente como tu fizeste.
Obrigado por seres quem foste. Obrigado por nos teres amado tão bem.
Gracias querido amigo. Até já.
Consultor – Madrid Office – Egon Zehnder