Portugal no top 20 europeu dos investidores mais ativos em startups

Portugal é o 16.º país europeu com mais investidores em startups tecnológicas, mas o presidente da OEP alerta que “é crucial colmatar o défice de financiamento para transformar inovação em negócios escaláveis”.

Portugal é o berço de vários unicórnios e de muitas outras startups e scaleups em ascensão. Atualmente, existem mais de 4.000 startups ativas no país (2023) que empregam 25.000 pessoas. Mais de dois terços das startups que existem atualmente foram criadas nos últimos cinco anos e pertencem maioritariamente (63%) ao setor das Tecnologias de Informação e Comunicação, de acordo com o relatório “Mapping Portugal’s Startup Landscape 2024”.

Mas há mais boas notícias no ecossistema nacional de empreendedorismo. Segundo um novo estudo da Organização Europeia de Patentes (OEP), Portugal consolidou-se como um dos países europeus com maior número de investidores ativos em startups tecnológicas, ocupando a 16ª posição no ranking europeu. O país registou 1.450 transações e um investimento total de 3,6 mil milhões de euros entre 2000 e 2023.

Apesar do avanço, o estudo também expõe os desafios que o cenário europeu enfrenta em comparação com os Estados Unidos, especialmente em relação ao financiamento de startups em fases avançadas.

O papel crucial dos investidores

As startups tecnológicas têm-se destacado como motores de inovação e progresso económico, mas enfrentam obstáculos para tornar ideias inovadoras em negócios escaláveis. Para isso, o papel dos investidores é essencial. Em Portugal, nomes como Portugal Ventures, Indico Capital Partners, Armilar Venture Partners, Shilling VC e iniciativas como a Startup Braga e o ESA Business Incubation Centre são citados como os principais investidores do setor.

Essas entidades representam cerca de 40% do investimento tecnológico em Portugal. Ferramentas como o Deep Tech Finder da OEP, que foi recentemente atualizado para ajudar startups a identificar investidores adequados, têm o potencial de impulsionar ainda mais o setor, conectando empreendedores com financiadores especializados.
O Deep Tech Finder é uma ferramenta gratuita que permite aos utilizadores encontrar facilmente mais de 10000 startups europeias, spin-outs e universidades com pedidos de patentes à OEP.

Europa Versus EUA: Um Défice de Financiamento

Apesar do progresso na Europa, o relatório também sublinha um défice significativo de financiamento em comparação com os EUA. Nos Estados Unidos, investidores privados representam 98 dos 100 maiores investidores em startups tecnológicas, com mais da metade focados em fases avançadas. Já na Europa, 62% dos investidores privados estão concentrados em fases iniciais, enquanto apenas 22% se dedicam a fases posteriores. Essa diferença reflete um desafio crítico para as startups europeias que querem escalar as suas operações.

«As startups desempenham um papel crucial na comercialização de ideias disruptivas com grande potencial para estimular o progresso. No entanto, conforme destacado no relatório de Mario Draghi, muitas empresas inovadoras enfrentam obstáculos financeiros para crescer na Europa», afirma António Campinos, presidente da OEP. «Este défice de financiamento dificulta a transformação da inovação em startups escaláveis, levando os empreendedores a procurar oportunidades no exterior. Colmatar esta lacuna é crucial para revitalizar o crescimento sustentável em toda a Europa».

Os próximos passos

Embora Portugal tenha conquistado uma posição de destaque no cenário europeu, o volume total de investimento ainda é modesto em comparação com líderes como Reino Unido, Alemanha e França. Juntos, esses países registaram aproximadamente 75.800 transações e 392 mil milhões de euros em financiamento entre 2000 e 2023. Os Países Baixos, a Suíça, a Noruega, a Suécia e a Bélgica também apresentam níveis elevados de investimento apoiado por patentes, com mais de 240400 transações acumuladas e quase 88,5 mil milhões de euros no mesmo período. Os outros países europeus, no seu conjunto, representam um total de mais de 22000 transações, com um financiamento total de mais de 70 mil milhões de euros.

Então, como impulsionar o crescimento da inovação em Portugal? Iniciativas como a Web Summit, uma das maiores conferências tecnológicas do mundo, têm ajudado a atrair atenção global para o ecossistema local. Além disso, a criação de espaços de coworking, incubadoras e aceleradoras que fornecem apoio e recursos para os empresários em início de atividade são cruciais para um ecossistema ‘amigável’ para investidores.

Mas uma das necessidades mais apontadas pelos empresários é a importância de haver mais benefícios fiscais para as empresas em fase de arranque, procedimentos burocráticos simplificados e programas de financiamento.

diana.gomes@nascerdosol.pt