De relógios da Rolex a malas da Louis Vitton que ultrapassam os milhares de euros, o luxo é a palavra de ordem para quem passeia pelas vitrines de uma das avenidas mais conhecidas de Lisboa. São 60 as lojas de luxo da Avenida da Liberdade, mas destas apenas três têm o cunho Made in Portugal: Rosa & Teixeira, Tony Miranda e Maria João Bahia.
Apesar da variedade de lojas de luxo internacionais que existem hoje em Portugal, o consumo ainda está aquém do que acontece lá fora. Em 2023, Francisco Carvalheira, diretor-geral da Laurel – Associação Portuguesa de Marcas de Excelência, dizia que “um dia de vendas em Xangai é, grosso modo, o equivalente a um ano de vendas na Avenida da Liberdade, em Lisboa”.
Portugal ainda não é reconhecido internacionalmente pelos seus produtos de luxo e essa poderá ser uma das justificações. “Estamos a competir com países que têm marcas muito bem estabelecidas. Quando pensamos nas empresas italianas, pensamos em design. Quando pensamos nas empresas americanas, pensamos em inovação. Temos de saber a que marca é que queremos relacionar os produtos portugueses”, defende Bernardo Ivo Cruz, professor da NOVA School of Law e da Universidade Católica e ex-secretário de Estado da Internacionalização. “Seria um bom sinal termos produtos portugueses de qualidade em Portugal e no mundo, seja na Avenida da Liberdade, seja na Champs-Élysées.”
Muitas são as empresas portuguesas que já produzem para marcas de luxo a nível mundial, como a Armani, Versace, Dolce&Gabbana, Hugo Boss, Kenzo, Lanvin, Alexander Wang, Dior, Louis Vuitton ou Balenciaga, mas como é que estas empresas podem superar a dependência de ser apenas “fornecedores” de grandes marcas e construir uma identidade própria?
“Os nossos produtos têm muita qualidade, as empresas são boas, tanto que são fornecedoras das maiores empresas e das maiores marcas do mundo. A questão tem mais a ver com o posicionamento e com a marca. Como é que os nossos produtos e as nossas empresas que trabalham nesse setor se podem tornar conhecidas”, afirma Bernardo Ivo Cruz.
Um dos exemplos é o calçado português que, apesar de reconhecido pela sua qualidade, atravessa uma crise no setor. Para contornar o problema, um estudo da EY Parthenon traçou uma estratégia para a indústria portuguesa disputar o segmento de luxo com a Itália.
Para Bernardo Ivo Cruz é essencial que Portugal se afirme como um país sustentável e com produtos de qualidade. “Já há muito trabalho feito na área da economia circular e da economia sustentável. Temos de transformar esses argumentos numa estratégia de comunicação da marca-país. E depois em cima dessa marca país, da marca “Portugal país sustentável”, “Portugal país moderno”, as empresas e as associações podem construir as suas marcas próprias”, acrescenta.
Massimo Dutti é a marca mais procurada em Portugal
No que toca ao interesse por marcas de luxo, Portugal destaca-se como o quinto país do mundo que mais pesquisa marcas de designer (6,28 milhões de pesquisas anuais), sendo a marca mais pesquisada a Massimo Dutti, com 2,5 milhões de pesquisas, revela um estudo da Watch Pilot.
O preço médio das peças na Massimo Dutti varia de acordo com o tipo de item, sendo considerado um segmento premium acessível dentro do grupo Inditex. Um par de calças pode variar entre 60 e 120 euros e um casaco ou sobretudo, geralmente, entre 150 e 250 euros.
O estudo da Watch Pilot analisou dados de pesquisa do Google para alguns dos produtos de luxo mais conhecidos do mundo. Em termos geográficos, o Luxemburgo é o país que mais pesquisa sobre designers, com mais de 494 mil pesquisas anuais
A marca mais procurada do mundo é a Louis Vuitton, com 118 milhões de pesquisas anuais, mais do que o dobro da quantidade de pesquisas por Massimo Dutti. Em segundo lugar está a Gucci, com quase 67 milhões de pesquisas.
Portugal é o país que mais procura carros
Ainda segundo o estudo, Portugal é o país que mais pesquisa carros (60.221 pesquisas por mil pessoas e quase 6,2 milhões de pesquisas no total), sendo o modelo de carro mais procurado o Porsche 911, seguido pelo Porsche Cayenne e o Range Rover Evoque.
Já quanto aos países que mais procura marcas de carro, desta vez, a Nova Zelândia aparece em primeiro (205.143 pesquisas por 100 mil pessoas e 10,7 milhões de pesquisas no total), seguida de Portugal (201.876 pesquisas por 100 mil pessoas e quase 20,7 milhões de pesquisas no total). A marca de carro mais procurada em ambos os países é a Tesla, acumulando mais de 1,4 milhão de pesquisas combinadas. De recordar que o preço mínimo do modelo mais barato da Tesla – o Model 3 -, começa nos 39.990 euros.