Um país justo e desenvolvido necessita de uma boa economia empresarial, com pessoas saudáveis a nível pessoal e profissional, numa sociedade alinhada com um contexto global de permanente inovação tecnológica.
Para alcançarmos como país esta minha visão de futuro, proponho três medidas: 1) as empresas deveriam garantir uma Corporate Governance profissionalizada; 2) as pessoas deveriam investir na longevidade da sua vida ativa e 3) a tecnologia deveria ser um facilitador a pedido e ao serviço do utilizador.Claro que inúmeras adaptações e pequenas implementações se aplicam, mas eu escolhi estas três medidas de alto nível tão abrangentes que conseguem dentro de si incluir pequenas ações que contribuem para esta visão futura.
Com uma Corporate Governance profissionalizada, as empresas qualquer que seja a sua dimensão e setor terão, na minha perspetiva, uma maior probabilidade de sucesso empresarial. Para tal, terão clara a sua visão estratégica, como se posicionam a longo prazo e que ajustes têm de fazer face ao que acontece a cada momento no mercado. Ajustes estes que deverão ser feitos de forma rápida o suficiente associado a uma boa capacidade de reação, mas não tão rápido ao ponto de serem irrefletidos.
Sob o eixo de uma boa governança também se encontram pilares de análise financeira, compliance e gestão de risco, sem os quais a sobrevivência de uma empresa pode estar em perigo.
Mas o êxito de uma empresa também depende muito de temas que ao longo das próximas décadas terão uma maior preponderância: uma reputação favorável resultante de políticas de sustentabilidade, gestão ética e uma boa comunicação. A adoção de políticas de sustentabilidade por parte das empresas a pensar na sociedade e no meio ambiente ditarão também a sustentabilidade da própria empresa no mercado, pois a sociedade e os clientes assim o exigirão cada vez mais.
Por outro lado, se cada empresa individualmente garantir que a sua gestão é baseada em princípios éticos, globalmente esse será o padrão comum e essa norma ao reduzir também a corrupção irá promover um benefício transversal com elevação dos padrões de competitividade rentável. Como sabemos que nem sempre tudo acontece como se espera e nem os clientes conseguem saber tudo se a informação não lhes for transmitida de forma credível, será importante assegurar competências de gestão de conflitos e boa comunicação como pontos integradores de uma boa governança implementada de forma global.
Pensando nas pessoas proponho uma medida que promovesse a longevidade plena da sua vida ativa. Com o aumento da esperança média de vida por um lado e o progresso tecnológico associado a cada vez mais setores de atividade, dever-se-ia apostar em formação e apoio constante a quem tem mais anos de trabalho.
É fácil compreender as apostas em formação e integração de novas pessoas numa empresa, pessoas estas que trazem juventude, novas abordagens aprendidas nas escolas/universidades e têm de complementar com as necessidades e objetivos da empresa. E como é garantido que quem está na empresa há vários anos, com uma visão clara de como se trabalha alinhado com as necessidades e objetivos da empresa, tem as atualizações necessárias para continuar a ser relevante?
Será chave que a necessidade contínua para se adaptarem ao que são as novas tendências tecnológicas ou continuarem a ser desafiados para aprender novas áreas. Os últimos anos profissionais deverão respeitar um conhecimento longo acumulado, que permite uma sabedoria e muitas vezes rapidez e segurança nas decisões e ações, complementados com novos conhecimentos.
Estes últimos anos de vida ativa não deveriam constituir um declínio de relevância profissional, mas sim uma conclusão em crescendo, associando uma qualidade de vida que se tem prolongado a nível de saúde também a uma longevidade plena a nível profissional.
Associado aos avanços tecnológicos, o futuro trará muitas mais capacidades em diversas áreas pessoais e empresariais. Como tal, a medida que defendo é que exista clareza de comunicação dos objetivos e benefícios de cada ferramenta tecnológica, tão clara quanto o compromisso ou troca que tem de ser feita por cada utilizador para usufruir da mesma.
Deverá ser cada utilizador a decidir se quer ou não partilhar os seus dados e quais. Não deverá existir qualquer desconfiança relativamente ao que acontecerá com esses dados ou a sua finalidade, deixando uma aura de sombra relativamente à sua transparência e potencial intrusão, mas sim transitar para uma postura aberta e proativa sobre a sua utilização e benefícios.
Em resumo, empresas com uma boa Corporate Governance, pessoas cuja carreira profissional é respeitada com promoção de novos conhecimentos ao longo da mesma e componentes tecnológicas, que seguramente trarão muitos avanços, que sejam implementadas de forma transparente por opção individual de cada utilizador, serão sem dúvida medidas que colocarão Portugal em 2043 num país mais justo e desenvolvido.