Como antecipa estes quatro meses até ao final do ano, a nível económico do país e da sua atividade, em particular?
Agostinho Pereira de Miranda – É de prever que nos próximos quatro meses se continuem a verificar as mesmas tendências que têm marcado o ano, embora se possam verificar alterações significativas, se o ciclo eleitoral português for interrompido ou se ocorrerem mudanças dramáticas nas frentes de batalha no Médio Oriente e na Ucrânia.
Na minha atividade profissional, dada a exposição ao mercado internacional, a grande variável é o alargamento das tendências para o protecionismo e o ‘reshoring’. No curto prazo, podem trazer mais oportunidades de trabalho. Mas, no médio e longo prazos, constituem uma tendência preocupante.
Se o Orçamento de Estado 2025, que será apresentado em outubro, não passar em novembro, deve haver novas eleições? Ou que outra solução deveria ser encontrada, nesse cenário?
APM – O cenário de novas eleições no nosso país parece negativo, quaisquer que sejam as razões para a sua convocação nas circunstâncias atuais. Há demasiada instabilidade política na cena internacional. Os países com maior segurança e menor risco político serão os naturais ganhadores na cada vez mais renhida concorrência por investimento e capital.
O que mais apreciou neste primeiro ano do “Portugal Amanhã”?
APM – O ‘Portugal Amanhã’ surgiu num contexto muito difícil para os media portugueses. Ainda assim, conseguiu construir um nicho singular, especialmente vocacionado para profissionais e decisores empresariais e políticos.
Noto, em particular, a abordagem de temas originais, especialmente nos planos sociológico e político, quase sempre protagonizados por individualidades com ideias fortes e inovadoras.