A fuga recente de cinco prisioneiros perigosos da cadeia de Alcoentre (supostamente, uma das mais seguras do país) expôs a dura realidade, após as férias de verão: debilidade da vigilância e de todo o sistema prisional (pelo que agora se conhece); escassez de recursos públicos também nessa área; efeito negativo de décadas de incúria política dos vários governos por pouco investirem na segurança nacional; constatação de que Portugal (país tradicionalmente seguro e que vive do turismo, em grande parte) estará demasiado exposto a rotas internacionais de droga e outros crimes, o que implica coragem e determinação políticas para reafectar meios para a Defesa e Segurança nacionais, protegendo melhor as fronteiras terrestres e marítimas.
Entre o alarmismo inicial e as inevitáveis críticas políticas e sindicais perante um problema com longos anos, devemos questionar: será que as infraestruturas são adequadas, no que respeita a tecnologia de segurança e de localização dos estabelecimentos prisionais em todo o território nacional?
Como é possível que o sistema eléctrico da cadeia de Vale dos Judeus seja do tempo da sua construção, nos anos 60 do século passado? Como se explica que as torres de vigilância não funcionassem há anos e que só haja um guarda para ver dezenas de câmaras?
Saltando os muros de Alcoentre, que sentido faz continuar a ter cadeias dentro das principais cidades, como é o caso da penitenciária de Lisboa (junto ao parque Eduardo VII, numa zona nobre da capital) e não em territórios isolados no interior, fortemente vigiadas, o que até poderia gerar novos empregos e reutilizar unidades militares semi-abandonadas?
Este é apenas um exemplo do que temos defendido neste projecto editorial: olhar para soluções de médio e longo prazo e discutir os problemas estruturais, além da espuma dos dias.
É também por isso que temos desafiado várias personalidades (que connosco têm colaborado) a partilhar a sua reflexão sobre o que teremos pela frente em termos económicos e políticos, a propósito do primeiro aniversário do “Portugal Amanhã”, que foi lançado a 15 de setembro de 2023.
Ema Paulino, Fátima Carioca, Helena Canhão, Bernardo Trindade, Carlos Tavares, Jaime Esteves, Jorge Costa Oliveira e Paulo Simões celebram connosco esta data simbólica, juntando-se a outros cronistas nas edições especiais desta e da última semana. A todos, incluindo os muitos que participaram em debates e escreveram aqui ao longo deste ano, o nosso profundo agradecimento – que é extensivo a Filipe Morais que nos brinda com nova crónica sobre liderança, governance e inovação.