No período pós férias de verão, como antecipa estes quatro meses até ao final do ano, a nível económico do país e da sua atividade, em particular?
Helena Canhão – A nível económico, continuam os desafios para a Europa e especificamente para Portugal, principalmente devido à instabilidade provocada pela guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza que persistem há meses e ao impacto da inflação e do aumento das taxas de juro que ocorreram no período pós-pandemia. Estes fatores pressionam as famílias e as empresas, afetando o consumo e o investimento.
No setor da saúde, o outono e o inverno trazem tradicionalmente um aumento na procura dos serviços de saúde, com descompensação de doença crónicas nas populações mais vulneráveis, agravado pela possível circulação de vírus sazonais como a gripe e pela persistência da COVID-19. É essencial que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e as respostas da saúde e sociais estejam preparadas para responder a estas necessidades, garantindo acesso e qualidade dos serviços.
No que respeita ao ensino superior da medicina, o aumento do número de vagas é positivo, mas traz desafios como a necessidade de assegurar a qualidade da formação e a adequação dos recursos humanos e infraestruturas, sobretudo nos hospitais e centros de saúde, onde decorre o ensino do terceiro ao sexto ano do curso de medicina.
Se o OE 2025, que será apresentado em outubro, não passar em novembro, deve haver novas eleições? Ou que outra solução deveria ser encontrada, nesse cenário?
HC – Se o Orçamento do Estado (OE) para 2025, a ser apresentado em outubro, não for aprovado em novembro, isso colocaria o governo e o país numa posição difícil, podendo precipitar a queda do executivo. Neste caso, novas eleições seriam obviamente uma solução democrática.
Outras alternativas poderiam incluir a renegociação do orçamento ou a procura de acordos parlamentares que permitissem a sua aprovação, eventualmente com algumas concessões políticas, sabendo no entanto que todas as forças políticas têm linhas vermelhas, o que dificulta as negociações para lá dos limites que estabelecem.
O que mais apreciou neste primeiro ano do “Portugal Amanhã”?
HC – O que mais apreciei no primeiro ano do “Portugal Amanhã” foi a capacidade de fomentar um diálogo construtivo sobre o futuro do país, abordando temas essenciais com profundidade e inovação. A publicação não está focada “na espuma dos dias” mas sim na promoção de uma reflexão sobre questões estruturantes e importantes para o desenvolvimento futuro, saudável e sustentado do país.
Destaco os Debates Sim / Não que mostram visões e opiniões diferentes, mas muitas vezes complementares e a rubrica Sucesso.pt que tem mostrado como se pode fazer bem no nosso país. Estas abordagens têm sido fundamentais para construir uma narrativa positiva e inspiradora sobre o que podemos alcançar juntos como naçã