Como antecipa estes quatro meses até ao final do ano a nível económico do paíse e da sua atividade em particular?
Rafael Campos Pereira – No setor metalúrgico e metalomecânico, o ano de 2024 está a ser relativamente positivo. No entanto, ao comparar com um 2023 que foi absolutamente extraordinário, os números acabam por não ter o impacto que em circunstâncias diferentes teriam.
A verdade é que, em termos de exportações, o setor revelou no primeiro semestre de 2024 um decréscimo de 5,9% face ao período homólogo. Acreditamos que os números finais das exportações em 2024 serão ligeiramente inferiores aos registados em 2023, apesar de se manterem em níveis muito interessantes, previsivelmente acima dos 23 mil milhões de euros.
Relativamente ao emprego no setor, manter-se-á o mesmo relativamente estável, sendo certo que será necessário prosseguir o processo de transformação dos postos de trabalho, substituindo os mais obsoletos por novos com mais densidade tecnológica e maior valor acrescentado.
Relativamente, ao resto da economia, penso que os bons desempenhos do turismo e do metal serão importantes para que se prossiga uma trajetória de crescimento, apesar de anémico.
Preocupa-nos todavia o facto de o governo em funções continuar na senda de algumas políticas do governo anterior, eventualmente por motivos eleitoralistas, as quais assentam claramente no aumento da despesa pública.
Inquieta-me igualmente o facto de continuar a haver dificuldade em implementar as reformas de que o país precisa.
Se o Orçamento de Estado para 2025, que será apresentado em outubro, não passar em novembro, deve haver novas eleições? Que outra solução deveria ser encontrada, nesse cenário?
RCP – Conforme referiu recentemente o antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, se não houver aprovação do orçamento, não se registará seguramente nenhum drama.
No contexto em que o país, a Europa e o mundo se encontram, a estabilidade política é para Portugal um valor mais importante do que a aprovação de orçamentos.
Em qualquer circunstância, seja através da votação favorável do orçamento, seja por via de entendimentos em matérias estruturantes, os dois grandes partidos, PSD e PS, devem fazer esforços de aproximação. Seriam irresponsáveis se não os fizessem.
O que mais apreciou neste primeiro ano do “Portugal Amanhã”?
RCP – Seguramente o facto de o jornal ter como prioridade a valorização dos bons exemplos na economia e na sociedade portuguesas.
Essa vossa vontade de mostrar aos leitores e à opinião pública em geral os casos de sucesso que existem em Portugal é altamente estimulante para todos nós.