Como antecipa estes quatro meses até ao final do ano a nível económico do paíse e da sua atividade em particular?
António Nogueira Leite – Não espero grandes atribulações no plano económico nesse prazo, apesar da possível influência em período subsequente de eventos próximos: as eleições americanas e a votação do OE2025. A esta distância espero que as projeções de um crescimento relativamente modesto na ordem dos 2% e uma inflação gradualmente mais controlada, ambos em linha com as projeções mais recentes.
No plano político, com possíveis repercussões mais à frente, é inevitável que destaque a discussão e votação do OE2025, que tem este ano a particularidade de ser apresentado por um governo minoritário, que não tem à partida apoio por parte dos demais partidos, num cenário bem mais repartido e politicamente mais instável do que alguma vez ter acontecido nas últimas décadas.
Se o Orçamento de Estado para 2025, que será apresentado em outubro, não passar em novembro, deve haver novas eleições? Que outra solução deveria ser encontrada, nesse cenário?
ANL – Idealmente o orçamento deveria ser aprovado após negociações com quem esteja disposto (um ou mais partidos) a viabilizar o resultado final dessas negociações.
Caso não seja possível, vejo difícil gerir a atual administração pública em duodécimos. Quer pelas promessas de aumento de despesa já anunciadas quer pelo facto, muito relevante, de o atual governo ter herdado uma administração em muito mau estado, não apenas na saúde e educação, mas de uma forma geral, em múltiplas áreas de intervenção administrativa do estado.
Não podemos adiar mais a correção de múltiplos problemas operacionais e estruturais, e isso não se faz com o constrangimento de ter de estar vinculado em 2025 ao que foi aprovado em Novembro de 2023 para o ano corrente.
O que mais apreciou neste primeiro ano do “Portugal Amanhã”?
ANL – O esforço de pensar o que poderemos ser enquanto país, discutindo visões alternativas de forma construtiva. Este papel que o jornal assumiu é particularmente relevante numa altura em que a discussão estruturada do caminho para um futuro melhor anda tao distante da agenda política e mediática. muito concentradas no imediato e até no meramente fugaz.