Portugal acordou com a terra a tremer às 5h11 da manhã do dia 26 de agosto. Apesar do abalo, o sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter não foi suficiente para ativar os planos especiais de emergência para risco sísmico da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
O sismo não reuniu critérios para a ativação de planos de emergência – que são implementados a partir de magnitudes 6,1 – e que apenas existem na região do Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa, incluindo os concelhos limítrofes desta última.
No caso da capital, o risco de ocorrência de um sismo é médio, mas Lisboa está sujeita a sismos de moderada a forte magnitude.Sismos moderados, com magnitude 6.5 a 7, podem ocorrer no sistema de falhas de Lisboa e Vale do Tejo (+/- 25 km NE de Lisboa), causando perda de cerca de 30% do edificado (e vítimas associadas). Qual seria o plano de emergência caso viesse a acontecer um sistemo desta intensidade?
Quem ativa o plano e quais os critérios?
O Plano Especial de Emergência e Proteção Civil para o Risco Sísmico na Área Metropolitana de Lisboa e Concelhos Limítrofes (PEERS-AML-CL) é activado mediante decisão da Comissão Nacional de Protecção Civil ou na sequência de emissão de declaração, pelo Governo, da situação de calamidade.
Os critérios para ativação do plano são:
- Evento sísmico com epicentro na AML CL e com magnitude igual ou superior a 6,1 na Escala de Richter;
- Evento sísmico sentido na AML CL com estimativa de intensidade máxima igual ou superior a VIII na Escala de Mercalli modificada (independentemente da localização do epicentro).
Quem entra imediatamente em ação no terreno?
O plano envolve a coordenação de 56 entidades, incluindo Forças de Segurança, corpos de Bombeiros, Forças Armadas, INEM, Instituto de medicina Legal, Cruz Vermelha, serviços de saúde, empresas de transportes e telecomunicações, entre outros.
A resposta é dividida em várias fases, cada uma com missões específicas. As primeiras a atuar são as Equipas de Reconhecimento e Avaliação da Situação (ERAS), compostas por três elementos das forças de autoridade, com vista a obter as informações necessárias à tomada de decisão operacional.
Em paralelo, são enviadas Equipas de Avaliação Técnica (EAT), constituídas por especialistas em infraestruturas, que têm como principal objectivo reconher informação as infraestruturas afectadas.
Os Grupos Sanitários e de Apoio (GSAP) desempenham missões nas áreas da urgência pré-hospitalar e evacuação secundária. Ao mesmo tempo, chegam ao local o Grupo Logístico de Reforço (GLOR), responsável pelo abastecimento de água, e as Companhias Nacionais de Intervenção em Sismos (CNIS) e Meios Aéreos.
Que infraestruturas e recursos são mobilizados?
Lusoponte: A empresa que gere as pontes Vasco da Gama e 25 de Abril mantém uma linha de comunicação direta com o posto de comando nacional e fornece informação da situação nas travessias rodoviárias do Tejo.
ANA Aeroportos: Disponibiliza espaços para aconcentração de sinistrados,estabelecimento de zonas derecepção, triagem e cuidados médicos, bem como para o depósito de cadáveres.
Transportes: As empresas de transportes públicos, como a Transtejo, Soflusa, CP e Fertagus, são utilizadas para a para a evacuação e mobilização de pessoas; o Metropolitano garante o apoio necessário às autoridades e forças de resposta para o desenvolvimento de acções de busca e salvamento e disponibiliza às autoridades competentes os mapas/cartas da galerias subterrâneas.
SIRESP: Assegura a avaliação e asintervenções técnicas imediatas para a manutenção e o restabelecimento das comunicações rádio.
As operadoras móveis, como a MEO, Vodafone e NOS, também têm a responsabilidade de restabelecer as comunicações telefónicas e móveis na área afetada.
Quem coordena a resposta e onde fica o posto de comando?
A Comissão Nacional de Protecção Civil (CNPC), presidida pelo Secretário de Estado da Protecção Civil ou o seu substituto legal, é o órgão de coordenação política em caso de sismo.
A CNPC reunirá nas instalações da Autoridade Nacional de Protecção Civil, em Carnaxide, ou alternativamente na Base Aérea 1 em Sintra.