O o contexto da Iniciativa Sharing Knowledge realizou-se este ano um Ciclo de Smart Discussions – com oradores de referência – sobre os 30 anos do Relatório Porter. Foram abordadas várias dimensões da nossa competitividade e sinalizadas linhas de ação para o futuro. Precisamos de um choque de competitividade – compete às Empresas e ao IDE – Investimento Directo Estrangeiro a liderança do processo de mudança.
Impõem-se empresas capazes de projetar no país uma dinâmica de procura permanente da criação de valor e aposta na criatividade. Têm que se assumir como atores perturbadores do sistema, induzindo na sociedade e na economia um capital de exigência e de inovação que lhe conferirão um desejado estatuto de centralidade e sobretudo de inequívoca liderança no processo de mudança em curso. Precisamos como nunca de uma Nova Competitividade.
Quando há 30 anos o Professor de Harvard Michael Porter elaborou o célebre Relatório, encomendado pelo Governo Português de então, o diagnóstico sobre o que fazer e as áreas estratégicas de actuação foi muito claro – ou se reinventava por completo o Modelo Económico ou então a economia portuguesa tenderia a morrer com o tempo. Passados estes anos todos, o balanço é conhecido – baixos níveis de qualidade de gestão, falta de talentos, um papel cada vez menos relevante da área industrial na economia.
Como há 30 anos torna-se claro que a competitividade portuguesa é o grande desafio nos próximos tempos! Por isso, a palavra de ordem é simples – é a competitividade, estúpido!
Falta em Portugal um sentido de entendimento coletivo de que a aposta nos fatores dinâmicos de competitividade, numa lógica territorialmente equilibrada e com opções estratégicas claramente assumidas é o único caminho possível para o futuro. Falta por isso em Portugal uma verdadeira rede integrada para a competitividade capaz de produzir efeitos sistémicos ao nível do funcionamento das organizações empresariais.
O novo paradigma da economia portuguesa radica nesse sentido na capacidade de os resultados potenciados pela inovação e conhecimento serem capazes de induzir novas formas de integração social e territorial capazes de sustentar um equilíbrio global do sistema nacional.
Uma breve radiografia à matriz setorial da economia portuguesa demonstra de forma inequívoca as alterações contextuais produzidas ao longo destes últimos vinte anos, com impactos directos na própria organazação da sociedade.
Para além do desenvolvimento duma “nova economia de serviços”, de âmbito eminentemente local e com impacto reduzido em matéria de criação de valor sustentado, é de referir também o fenómeno de progressiva desindustrialização, entretanto acentuado nos anos mais recentes e o ténue desenvolvimento de “novos clusters” associados às dinâmicas da inovação e desenvolvimento. Trata-se duma evolução manifestamente assimétrica, com efeitos negativos em matéria de renovação dos indicadores activos de “capital estratégico”.
O relatório Porter punha de forma clara a tónica em duas grandes áreas de intervenção sistémica – profunda renovação organizativa e estrutural dos sectores (sobretudo) industriais e aposta integrada na utilização da inovação como fator de alavancagem de criação de valor de mercado. A mobilização activa dos atores económicos numa lógica de pacto estratégico operativo permanente era uma condição central no sucesso desta nova abordagem, sob pena de intervenções isoladas não conseguirem produzir de facto os efeitos desejados. Passado todo este tempo, a leitura dos resultados não é nada abonatória – excluindo os muito conhecidos e divulgados casos de reconversão interna e sectorial conseguida com algum sucesso, na maior parte dos sectores industriais clássicos não foi feita a renovação necessária e os fechos de empresas e perda de quota efectiva de alguns mercados é o resultado mais do que evidente.
O Investimento Estrangeiro é decisivo nesta nova agenda económica que se impóe para Portugal. Os tempos mudaram e o paradigma hoje impõe-se a aposta no reforço de clusters com empresas locais, a aposta na inovação e desenvolvimento, formação qualificada e melhoria competitiva.
Vivem-se tempos de profunda crise internacional e no contexto da intensa competição entre regiões e mercados a urgência de um sentido estratégico mais do que se impõe. A manutenção e captação de Investimento Estrangeiro é fundamental para o sucesso económico do país. Por isso o Estado tem que se assumir cada vez mais como uma plataforma aberta de dinamização de redes globais geradoras de valor.
O Novo IDE não é só a plataforma de desenvolvimento económico do país mas é também a base de uma nova aposta na inovação e criatividade, nas competências, nos talentos e novas oportunidades. A dinamização da criação de valor e reforço da inovação tecnológica terá muito a ganhar com este Novo IDE. Por isso, em tempos de crise e de aposta num novo paradigma para o futuro, o Novo IDE deve constituir o verdadeiro centro de uma convergência estratégica entre o Estado, a Empresa e todos os que se relacionam com a sua dinâmica.
O Novo Investimento Estrangeiro tem que se assumir como a referência da aposta num novo modelo de desenvolvimento estratégico para o país. Para que possamos ter uma verdadeira Nova Competitividade!
Economista e Gestor