O principal desígnio do país é mudar a nossa economia. Não podemos estar na cauda da Europa. Temos de ser mais produtivos.” Quem o afirma não é o primeiro-ministro ou o ministro da Economia, mas sim o actual Chefe do Estado-maior da Armada.
Em entrevista exclusiva ao “Portugal Amanhã” sobre o futuro da plataforma marítima e da economia do mar, Henrique Gouveia e Melo deixa em aberto o seu futuro enquanto cidadão da República Portuguesa e admite o cenário de um novo ultimatum, por causa dos interesses doutros Estados sobre o “mar português”.
Destaco algumas declarações de Gouveia e Melo, começando pelo cenário de uma candidatura presidencial — que não confirma, nem desmente: “Não sou um cidadão indiferente ao país. Quando já não tiver responsabilidades militares, o que irei fazer com o meu sentimento de cidadania? (…) Não podemos ficar com uma marca na testa a dizer impróprio para consumo, isso é antidemocrático”.
Quanto à sua visão para o país, acredita no potencial de crescimento, com ambição: “Portugal não tem de ser um país pobrezinho, de coitadinhos, periférico. Portugal tem de ser diferente. Isso só depende de nós, portugueses.” E prevê: “em 50 anos, serão constituídas verdadeiras cidades no mar.”
Gouveia e Melo alerta para o risco de um ultimato das potências que querem explorar as riquezas do oceano Atlântico, se Portugal não exercer a sua soberania, de facto, sobre a plataforma marítima porque “a nossa área é cobiçada. Há muitas formas de sermos prejudicados, se não fizermos o nosso papel.” (…) “Se não tivermos cuidado, num futuro próximo, teremos navios nas nossas águas à linha de vista.” Por isso, o Chefe do Estado-maior da Armada insiste na relevância de maior investimento na Defesa e, em especial na Marinha.
“A área militar esteve afastada muitos anos do debate político e público. Isso deve ser mudado”, defende o almirante que liderou a missão de vacinação contra a pandemia covid-19. Pode ver e ouvir a entrevista do “Sim ou Não” especial em Amanha.sapo.pt e também Euronews (youtube em português).
Nesta edição, sugiro ainda as crónicas de Jaime Esteves e Rafael Campos Pereira e também as rubricas “Nariz de enólogo”, com as recomedações de vinhos de Susana Esteban, e “Portugal à prova”, com um caso de aposta hoteleira na sustentabilidade. Por falar em ambiente, vale a pena conhecer as boas práticas de cooperação intermunicipal na Reserva Natural do Estuário do Tejo, um oásis a preservar às portas de Lisboa.
Nota: na última edição, a Fundação Terra Agora foi identificada, erradamente, como Terra Nova. Pelo lapso, pedimos desculpa.
luis.ferreira.lopes@newsplex.pt