Ao chegarmos ao fim do Euro 2024, já todos temos um pé nos Jogos Olímpicos que se avizinham. Os grandes eventos, sejam eles desportivos, culturais ou tecnológicos, como a Web Summit, mobilizam uma grande quantidade de recursos e têm, inevitavelmente, um impacto significativo na inovação. Mas como?
A verdade é que todos olhamos atentamente e acompanhamos de perto a realização de eventos europeus de grande magnitude, comentando a sua organização e o seu sucesso e desafios. Contudo, facilmente nos podemos esquecer do quão importantes essas ocasiões podem ser para potenciar novas ferramentas, ideias e tecnologias.
Este ano, a UEFA definiu uma estratégia ESG para o EURO 2024, aceitando o desafio de promover o evento desportivo mais sustentável até à data, contribuindo para a sustentabilidade não só das cidades alemãs anfitriãs, como também da Europa.
No entanto, só foi possível trabalhar com essa missão através da colaboração entre as várias partes que organizam o evento, desde a Federação Alemã de Futebol até aos organizadores europeus, às autoridades públicas e aos países participantes. O objetivo é que a metodologia possa ser replicada como modelo a seguir em eventos globais deste género.
Neste caso, como em tantos outros, tem-se demonstrado que uma das peças essenciais na inovação é a colaboração. Os desafios a que estamos sujeitos são, atualmente, complexos e transversais a várias áreas, confirmando-se a necessidade de unir esforços para chegar a bom porto.
Os eventos, nomeadamente os de maior dimensão, reúnem um conjunto de características que podem ser favoráveis para potenciar a inovação. O envolvimento de muitos profissionais de diferentes setores, a abertura a novas ideias e tecnologias e a visibilidade são alguns desses atributos. Além disso, a escala de investimento e financiamento envolvidos na organização destes momentos permite que se procurem novas oportunidades e projetos inovadores, que possam vir a constituir elementos de diferenciação e de sucesso.
Para ilustrar esta importância, a história tem-nos dado grandes exemplos. Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 em Pyeongchang é um destes casos, ao ter sido a primeira vez que a tecnologia 5G foi testada em grande escala, proporcionando aos espectadores e participantes uma experiência aprimorada através da realidade aumentada e da realidade virtual. Além disso, foi também neste contexto que foram realizadas experiências na introdução de veículos autónomos para melhorar a mobilidade dos visitantes aos jogos.
Numa outra vertente, a Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil foi também um marco importante de inovação ao acelerar o desenvolvimento e implementação de tecnologias que culminaram no uso do Vídeo-Árbitro (VAR).
Desde eventos desportivos até às EXPOs realizadas na Europa, bem como às COPs por todo o mundo, não faltam bons casos que demonstram que a colaboração entre países e entidades pode levar a inovação mais longe. Contudo, importa destacar que, ainda que tudo isto comprove a grande necessidade de colaboração na organização, implementação e divulgação dos grandes eventos, para que promovam a inovação, não se pode esquecer que, para tal, deve haver um alinhamento de objetivos.
O Euro 2024, ainda que tenha procurado ser pioneiro em matérias de sustentabilidade, o facto de a maior parte dos patrocinadores serem externos à Europa sugere que ainda há um grande desafio para que os organizadores deste tipo de eventos estejam consciencializados, podendo também contribuir para a economia e colaboração entre entidades europeias.
Fazer mais e melhor deve ser sempre o mote para os grandes eventos, que servirão de inspiração para futuras ocasiões.
Este é o ciclo de evolução que devemos valorizar.
Co-fundador e Chief Growth Officer na Beta-i