Paulo Sousa: “A indústria, às vezes, é posta em segundo lugar”

Conheça a visão para os próximos 20 anos do CEO da Colep Packaging

Como imagina e como gostaria que o país estivesse dentro de vinte anos?
Paulo Sousa — Acho que a indústria, às vezes, é posta em segundo plano no país. Apostamos muito no turismo, apostamos em alguns investimentos internacionais, muitos deles até extremamente subvencionados do ponto de vista fiscal, mas a necessidade da indústria em Portugal de criar valor e conseguir desenvolver-se através da automação e de crescimento de capacidade, era fundamental que também fosse olhada.

Não temos uma visão clara do que é que queremos ser ao nível de indústria e qual é o nosso papel no contexto económico europeu e internacional. Isso deveria ser tornado claro e ajudar a indústria a crescer.

O nosso país também é feito de muitas microempresas e, portanto, há uma necessidade de alguma consolidação do mercado. Para quê? Para que elas tenham mais alavancagem e possam chegar aos mercados internacionais. Essa consolidação pode ser por aquisições e fusões, mas também por consórcios, por se juntarem e trabalharem em conjunto para atingir um determinado fim. Começam agora a aparecer alguns, mas acho que ainda somos muito parcos nisso.

Somos sempre muito focados em nós mesmos e na nossa pequena empresa e esquecemos que, para competir nos mercados internacionais, precisamos de alguma dimensão. Essa dimensão só é possível se se juntar outras empresas com culturas similares, mas que possam fazer a diferença nos mercados internacionais.

Isso significa também olharmos com maior atenção, não apenas para os resultados, mas para a perceção do nosso potencial e que é possível catapultarmo-nos?
PS — Sim, é muito normal uma pequena empresa portuguesa dizer que está a exportar muito porque está a mandar 80% da produção para Espanha, sendo que numa empresa nacional o mercado espanhol devia ser um mercado natural. A venda para Espanha, para mim, não é grande exportação…

Agora, se conseguimos chegar ao centro da Europa, se conseguimos chegar ao outro lado do Atlântico, se conseguimos chegar ao Norte da África, se conseguimos chegar a outras áreas, aí estamos a criar mais exportação.

A Colep também tem um lema, inspirado no norte-americano “Yes, we can”. Do que se trata?
PS — Sim, nós aqui temos esse lema e adotamo-lo porque, efetivamente, fazemos latas. E, em inglês, lata é can, portanto, yes we can. E temos de levar as latas mais longe (risos).

Temos esse repto também do nosso acionista. Somos consideravelmente uma empresa de packaging, uma empresa orientada para o consumidor e para tornar a vida mais fácil ao consumidor e aos nossos colaboradores.
Temos o repto de crescer no mercado das embalagens. Estamos a dar os passos nesse sentido.