“O ministério do futuro” é o título de uma obra de ficção de Kim S. Robinson, publicada em 2020, que alerta para o risco de desastre ecológico à escala planetária, partindo da hipótese de uma brutal onda de calor que causa milhões de mortos na Índia. O autor imagina várias transformações políticas e sociais como efeito das alterações climáticas e também o surgimento de uma organização internacional chamada “ministério do futuro”.
Esta ideia foi recuperada recentemente pelo presidente e fundador da plataforma Portugal Agora, Carlos Sezões, que – num debate “Sim ou Não” com o empresário e gestor Fernando Amaral (ver Amanha.sapo.pt e Euronews) – propõe um novo modelo de governo para países e empresas, com foco multigeracional e agenda transversal ou multisetorial.
Este especialista em gestão do talento preconiza três objetivos para esta novo modelo de governance: previsão estratégica de tendências e mudanças económicas, sociais, políticas, ambientais ou legais; planeamento de cenários e graus de probabilidade; e preparação de respostas ou linhas de actuação em áreas tão diversas como tecnologias de informação, alterações nas cadeias de abastecimento, transição energética, demografia, longevidade ou financiamento do Estado social.
Deve haver no governo da República um ministério que pense o futuro ou a prospetiva estratégica (para usar a expressão de Michel Godet, um autor “clássico” que aprecio) e forneça propostas de políticas públicas para os diversos ministérios setoriais que estão focados em gerir os problemas conjunturais, a curto prazo? Creio que sim e a ideia aplica-se a empresas e organizações, onde faria sentido criar um departamento de prospectiva ou de futuro – que vá além da área de I&D e de inovação.
Esta proposta pode não ser a mais popular agora, mas recordo as aceleradas mudanças políticas, sociais e económicas em curso. Por isso, promovemos este debate, numa lógica construtiva, até porque todos sabemos que há políticos bem intencionados em todos os governos (não são todos corruptos ou malandros, como pretendem os movimentos populistas de extrema-direita e extrema-esquerda), mas a organização da máquina acaba, quase sempre, por cortar pela raíz as ideias diferentes de quem ousa mudar e melhorar, seja qual for a instituição, no Estado ou no setor privado, em Portugal.
Pensar o futuro com ambição e esperança é também o que nos move rumo a 2043, quando Portugal celebrar 900 anos do seu nascimento como nação. Daí convidar José Ribeiro e Castro, presidente da Sociedade Histórica da Independência, a expor a sua proposta de evocação de várias datas simbólicas que inspirem novas ideias para o futuro do país.
Nesta edição, destaco ainda o caso de inovação Sucesso.pt da Bluepharma, farmacêutica de Coimbra, para ver em Amanha.pt
luis.ferreira.lopes@newsplex.pt