Na rubrica “Portugal 2043” olhamos o país a 20 anos. Qual será o maior desafio da empresa e do país?
Gustavo Paulo Duarte – Acho que há muitos poucos setores que vão sofrer uma alteração tão grande como o nosso porque todas as imposições, as janelas ambientais, falta de pessoas, tudo aquilo que está a acontecer e a grande pressão no setor rodoviário… vai haver uma disrupção grande nos próximos anos, seja por via da tecnologia que está a aparecer, já se fala de camiões autónomos, não sabemos. Olhar a 20 anos para um setor como o nosso, que se gere a muito curto prazo, é difícil de prever.
Aquilo que nós sabemos é que a nossa empresa já fez o caminho da tecnologia e digitalização, já estamos perfeitamente à frente do mercado e temos investido muito na nossa digitalização e na nossa modernização a nível tecnológico, em perceber as tendências do mercado, para onde é que vão caminhar.
Temos de estar atentos, estarmos despertos e tentar que uma pequena empresa, como aquelas a que agora não estamos a dar nada por elas, não nos ultrapasse porque nos deixámos adormecer.
O grande desafio da nossa empresa é a modernização e perceber o é que, de facto, os nossos clientes valorizam. Temos de saber onde temos que estar e estar bem atentos relativamente aos próximos 20 anos deste setor, que vai ser um grande desafio.
António, como é que gostaria que estivesse o país daqui a 20 anos?
António Paulo Duarte – Melhor. Seria se a economia funcionasse de uma maneira diferente. Agora com a experiência que temos em Espanha, vemos que o crescimento é muito mais fácil num país grande, que tem uma economia mais pujante, do que crescer em Portugal.
Aqui as empresas, e de certeza que não sou o único a dizer isto, sobrevivem para pagar salários. No nosso setor, se formos ver as contas todas das empresas de transportes, as margens são muito pequenas. Acho que isso é por sermos um mercado pequeno, pobre…
Nós até somos muito bons naquilo que fazemos. Temos é pouca margem para crescer, porque cá, numa empresa como a nossa, há poucos grandes clientes, toda a gente sabe quais são. Em Espanha ou em França, o mundo é completamente diferente. A dimensão é completamente diferente, o potencial de crescimento é muito maior, as margens são um bocadinho maiores. O que é que eu quero dizer com isto?
Esperava que o país pudesse ser mais cooperativo e fazer um bocado como os espanhóis fazem. O que é que nós somos bons a fazer? Juntar mais as empresas, sermos mais cooperativos e termos produtos diferenciadores do resto da Europa, do mundo, e ter uma estratégia bem definida do que é que nós somos bons e do que é que nós teremos de fazer.
Já dizem vários grandes empresários que poderíamos ser a Califórnia da Europa. Temos tudo, temos hospitalidade, temos bom tempo, temos segurança. Somos um país pequenino, nunca vamos deixar de o ser; mas mudando um pouco a cultura, que não é fácil, mudando um bocado o mindset das empresas… vê-se os exemplos de empresários ou de pessoas que foram para fora e têm muito sucesso: somos um país com pessoas muito boas, mas se calhar ao nível político falta-nos um pouco da parte estratégica e ambição.
GPD – A Transportes Paulo Duarte daqui a 20 anos será maior, seguramente, sustentável, e esse é sempre o nosso objetivo. Não queremos ser o maior por ser o maior, queremos ser o maior como o mais rentável, o mais sustentável, trabalhando mais, tendo os melhores clientes.
Vamos continuar a crescer por aquisições, é um caminho natural da nossa empresa. O nosso objetivo será o crescimento.