Aumentos salariais dependentes da inflação, nas farmacêuticas

O aumento salarial previsto para o setor de ciências da vida, ciências médicas e farmacêuticas situa-se, em média, nos 3,6%, conclui estudo da Mercer Portugal.

Mais de metade das farmacêuticas diz que só haverá aumentos salariais consoante a inflação. O setor de ciências da vida, ciências médicas e farmacêuticas prevê avançar com aumentos salariais de 3,6%, com cerca de 20% das empresas a confirmarem a intenção de aumentar o número de colaboradores ainda em 2023.

As conclusões são  do estudo divulgado pela Mercer Portugal – “Total Compensation: Life Sciences” –, que analisa as principais tendências de benefícios e compensação neste setor.

Num momento em que a inflação não pára de subir, 51% das empresas inquiridas afirmam que este  é um fator decisivo para os aumentos salariais. Numa análise à competitividade salarial do setor, o estudo concluiu que a remuneração média está 19% acima do mercado geral.

O estudo “Total Compensation: Life Sciences” tem por base a análise de mais de 300 funções, desde as mais transversais a outras mais específicas do setor, e contou com a participação de 75 entidades presentes no mercado português.

Remunerações e bónus

A remuneração variável mantém-se enquanto principal tendência, sendo que a totalidade das entidades inquiridas afirma atribuir Bónus Anual.

Neste âmbito, 84,8% indicam ter definida uma política de incentivos às vendas, mas apenas 17,8% optam pela distribuição de lucros da organização. Por sua vez, os incentivos a longo prazo são atribuídos pela maioria (63,2%) das empresas.

A atribuição deste tipo de benefícios é mais frequente nas funções com maior nível de responsabilidade.

Nas várias tipologias de remuneração variável analisadas a prevalência é sempre superior à observada no mercado geral (bónus anual +13%; incentivos de vendas +27%; incentivos de longo prazo +35%)

Benefícios dos trabalhadores

O estudo analisa também a atribuição de benefícios de reforma, sendo este um incentivo oferecido por 52,3% das organizações, das quais 5,6% preveem a possibilidade de reforma antecipada, ainda que com penalidades.

O seguro de saúde continua a ser um dos principais benefícios atribuídos, estando previsto no plano de 95,5% das organizações.

Dos benefícios seguros, seguem-se o seguro de vida e o seguro de acidentes pessoais, que são oferecidos por 88,1% e 39,5% das empresas, respetivamente.

A atribuição de carro de serviço (91,1%) e de subsídio de alimentação (82,5%) são também dos benefícios mais frequentemente oferecidos pelas organizações do setor, seguindo-se a atribuição de um telemóvel de serviço e Internet (79,1%), bónus de referência em novos recrutamentos (61,5%), prémios de antiguidade ou pagamentos aquando do término do contrato (61,4%), cobertura de despesas associadas à formação e educação dos colaboradores (61%), seguro de viagem (59%), dias de férias adicionais ao legalmente previsto (59,5%), bem como descontos em produtos da empresa (52,5%).

O estudo “Total Compensation: Life Sciences”, desenvolvido pela Mercer, é o estudo de referência sobre tendências de compensação e benefícios do mercado português no setor.

Farmacêuticos do SNS sem aumentos salariais

Ao contrário das empresas privadas, no Serviço Nacional de Saúde, que tem cerca de 1.100 farmacêuticos, os aumentos salariais há muito que são esperados (e desejados).

Em setembro deste ano, os farmacêuticos do SNS saíram às ruas para reivindicar aumentos salariais e uma revisão à tabela remuneratória, que já não acontece desde 1999. O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) apelou à necessidade de serem retomadas as negociações com o Governo que “permitam corrigir as injustiças”e tomar medidas para adequar o número de farmacêuticos no SNS às necessidades das atividades farmacêuticas.